Cerca de 260 milhões de cristãos foram “severamente perseguidos” em todo o mundo em 2019, mais 15 milhões em relação ao ano anterior, de acordo com um relatório da organização não governamental (ONG) Open Doors publicado esta quinta-feira.
O relatório aponta, contudo, que a quantidade de fiéis mortos por causa da sua fé diminuiu.
Esta organização protestante publica anualmente seu índice que usa dados de 50 países onde os cristãos são mais perseguidos. O período avaliado vai de novembro de 2018 a outubro de 2019.
No total, cerca de 260 milhões de cristãos – católicos, ortodoxos, protestantes, batistas, evangélicos, pentecostais – foram "severamente perseguidos", contra 245 milhões em 2018, segundo a organização.
A organização entende por "perseguição" situações de violência, que podem ir até ao assassinato, mas também uma opressão diária mais discreta.
"Este aumento é explicado, em particular, pela deterioração da situação da liberdade religiosa na China e pela implantação do jihadismo em África", escreve a ONG.
O número de cristãos mortos caiu de 4.305 para 2.983, uma descida de 31% em relação ao ano anterior.
Durante três anos o número de mortos foi crescendo, de acordo com a organização Open Doors, a qual explica que essa diminuição poderá estar relacionada com um menor número de cristãos mortos na Nigéria.
Neste país, "há uma mudança parcial nas táticas dos pastores Fulani, que além dos assassinatos agora passam por sequestros para obter resgates", afirma Patrick AFP Patrick Victor, diretor da Doors Open France.
No entanto, a Nigéria permanece "no topo" dos países com o maior número de cristãos mortos devido à sua fé (1.350 mortos).
Além disso, o número de igrejas perseguidas (fechadas, atacadas, danificadas, queimadas) aumentou num ano de 1.847 para 9.488, um aumento "principalmente devido à ação do regime chinês contra as igrejas na China (pelo menos 5.576)", acrescenta a organização.
O relatório revela ainda que o número de cristãos detidos aumentou de 3.150 para 3.711, principalmente na China, Eritreia e Índia.
Do total de perseguições identificadas, a Coreia do Norte está novamente no topo deste ranking anual.
"O domínio totalitário do regime em cada indivíduo faz da fé em Deus um crime contra o regime, razão suficiente para terminar com a sua vida num campo de trabalhos forçados", segundo a ONG.
Seguem-se o Afeganistão, Somália, Líbia, Paquistão, Eritreia, Sudão, Iémen, Irão, Índia e a Síria.
A Open Doors International (que opera em 60 países), diz que os seus números estão "abaixo da realidade".
Esta associação, que "fornece apoio espiritual, moral e humanitário" aos cristãos perseguidos, existe na França desde 1976.