O ex-presidente da Comissão Europeia Durão Barroso disse esta quinta-feira, no Funchal, que o novo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, provoca "bastantes inquietações", mas acredita que vai cumprir os compromissos de salvaguarda dos direitos dos portugueses residentes no Reino Unido.
"É uma personalidade muito interessante [o novo chefe do governo britânico], muito criativa e sei que provoca bastantes inquietações", admitiu, vincando, no entanto, que na qualidade de presidente da Câmara de Londres "sempre foi aberto ao mundo", postura que deverá manter, embora seja a favor de um "'Brexit' duro, sem acordo".
Durão Barroso na abertura do II Encontro Intercalar dos Investidores da Diáspora, que decorre na capital madeirense, onde alertou para o "problema" da saída do Reino Unido da União Europeia, considerando, no entanto, que os direitos dos portugueses residentes no país estarão salvaguardados.
"Já foram dadas garantias suficientes pelas autoridades britânicas que não serão afetados os portugueses que estão no Reino Unido e que tenham a sua situação regularizada", disse, realçando que o novo primeiro-ministro, Boris Johnson, deverá manter este compromisso.
O ex-presidente da Comissão Europeia alertou ainda para as "dificuldades" que a Europa enfrenta atualmente, como as tensões nacionalistas geradas por movimentos populistas e xenófobos, mas mostrou-se confiante em que há de chegar a "bom porto".
"Há uma inquietação nos economistas: quando é que virá a próxima recessão? Há quem preveja a recessão já para o ano que vem", advertiu, indicando, contudo, que é mais razoável prever apenas um "abrandamento do crescimento".
Durão Barroso disse que o atual "clima de incerteza" mundial deriva não tanto dos dados económicos, mas das tensões geopolíticas e geoeconómicas, nomeadamente a situação comercial entre os Estados Unidos e a China, e alertou para a importância das novas tecnologias.
"Aqui a Europa está atrasada, mas está atrasada essencialmente por resistências nacionais", afirmou, lembrando que durante os dez anos em que presidiu à Comissão Europeia sempre de debateu com "resistências nacionais dos governos" em lidar com as novas tecnologias, como, por exemplo, o mercado digital.