O ex-líder do CDS e antigo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, comparou a situação que o CDS está a viver com a de "uma associação de estudantes com más práticas". E lançou uma série de farpas à liderança de Francisco Rodrigues dos Santos.
No comentário de domingo à noite, no telejornal da TVI, Portas afirmou que teve de "pedir muita indulgência aos meus princípios democráticos" para se manter como militante do CDS. Antes recordara que o CDS só tem três presidentes que nunca abandonaram o partido: ele próprio, Adriano Moreira, e Assunção Cristas.
Tudo isto numa altura em que os centristas assistem a uma verdadeira debandada, com pelo menos oito militantes de peso a abandonar o CDS.
Paulo Portas pediu ainda ao presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, para "olhar bem para as circunstâncias", porque "a perceção externa do que aconteceu é terrível". "Parecia uma associação de estudantes com más práticas", qualificou.
Em seguida delineou a estratégia que Rodrigues dos Santos deveria protagonizar. "Eu pegava no telefone e tentava falar com o opositor dele. Ele suspendeu o congresso com uma disputa eleitoral aberta, e sem saber qual a data das eleições do Presidente da República. E aparentemente saltando vários prazos legais e regimentais", recordou.
Portas disse ainda que procuraria conversar e chegar a um acordo sobre um congresso e uma data de realização, e também "sobre garantias de transparência eleitoral". O ex-líder centrista referiu ainda que seria necessário "pôr limites à animosidade dos discursos, que ambos teriam de cumprir como cavalheiros, e sobre um princípio que chamaria de respeito mútuo, quem ganhar integra, quem perder respeita".
Em relação às recentes saídas do partido, Portas declarou que ficou muito impressionado "quando um diretório fica contente com a saída daquele que é provavelmente o melhor gestor da sua geração, António Pires de Lima".
E continuou a enumerar as razões para estar desgostoso: "Ou quando um diretório fica contente, como quem diz já nos livrámos dele, com a saída do Adolfo Mesquita Nunes que é provavelmente uma das cabeças mais brilhantes do centro direita em Portugal. Ou quando passam dois anos a tentar tirar do Parlamento a melhor deputada, outros dirão uma das melhores deputadas, chamada Cecília Meireles. Há qualquer problema de bom senso nesta forma de gerir".
O vice-primeiro ministro do governo liderado por Passos Coelho afirmou que a situação no partido "é com certeza grave". "Fui 16 anos presidente do CDS. Tirei-o várias vezes do chão, foi muito esforço e muita renuncia. Muita paciência e muita integração. Convidei sempre para as listas do CDS os adversários a quem venci no congresso".
E deixou um alerta: "Um partido pequeno, se se dividir fica pequenino. E se voltar a dividir-se fica micro".