"O patinho feio tornou-se bonito". As palavras emocionadas do seleccionador Fernando Santos após a vitória deste domingo no Europeu de Futebol podiam ser dedicadas à equipa que comandou até à vitória final, mas foram dedicadas a Éder.
Um remate certeiro mudou tudo. Apontado por muitos como o elo mais fraco da selecção portuguesa, Éder ofereceu o título europeu a Portugal e é novo herói nacional.
A história deste avançado natural da Guiné-Bissau parece o guião de um filme. Mas nesta película, o figurante passou para primeiro plano e transformou-se na improvável personagem principal, depois de Cristiano Ronaldo ter sido posto fora de jogo por um adversário ainda antes do intervalo.
Éderzito António Macedo Lopes é o nome de nascimento do artilheiro que passando grande parte do Europeu no banco, mas aos 109 minutos do prolongamento no Stade de France desbloqueou a partida mais importante da história do futebol português.
O homem que com um remate de fora da área de pé direito deixou um país a chorar de alegria atingiu o topo aos 28 anos. A subida foi a pulso, degrau a degrau.
O número nove da selecção começou a jogar numa pequena associação local de Coimbra. Deu nas vistas e foi contratado pelo Tourizense e depois pela Académica.
Após quatro temporadas deixou Coimbra e subiu mais um degrau. Trocou os “estudantes” pelo Sporting de Braga e na primeira temporada impressionou marcando 16 golos.
Na temporada 2014/2015 deixou o Braga e emigrou. O Swansea City chamou e Éder foi, mas a experiência britânica não correu bem. Foi emprestado ao Lille e acabou por convencer o clube francês a contratá-lo.
O estilo portentoso e a veia goleadora valeram-lhe a primeira chamada a uma selecção portuguesa à procura de um homem de área.
A estreia com as quinas ao peito aconteceu no dia 11 de Novembro de 2012. Éder entrou para o lugar de Hélder Postiga e jogou os últimos três minutos de um Portugal - Azerbaijão, a contar para a fase de qualificação para o Mundial 2014, no Brasil.
Desde esse dia passou a ser chamado com regularidade à selecção, mas precisou de 18 jogos para marcar o seu primeiro golo e não havia maneira de convencer milhões de adeptos impacientes e de treinadores de bancada.
Quando Fernando Santos o colocou nos 23 eleitos para o Europeu de França, muitos questionaram a opção. Mas o seleccionador, homem de fé, não tinha dúvidas.
Éder também não desmoralizou e revelou-se a arma secreta. No Europeu de França só jogou 24 minutos, mas foi o suficiente para escrever a página mais bonita do futebol português. Palavras escritas com luva branca, a imagem de marca do novo herói nacional.