A cidade deve ajudar a pagar a floresta, porque os benefícios são para todos. Quem o diz é o presidente da Associação de Produtores Florestais do Barlavento Algarvio, numa altura em que as estimativas apontam para mais de 27 mil hectares ardidos no Algarve.
À floresta pertencem vários recursos. “A sociedade civil tem de perceber que os recursos de que nós usufruímos quando estamos na cidade – um lar melhor, a água e tudo isso – são coisas que têm de ser reinvestidas na floresta e têm custos”, alerta Emílio Vidigal na Manhã da Renascença.
“Porque não é só pelo facto de aumentar os meios de combate ou o melhor ordenamento que as coisas voltam a acontecer de outra forma”, destaca.
Quanto aos custos dos incêndios e da manutenção da floresta, também devem ser distribuídos. Porque “quem usufrui dos bens da floresta não são os proprietários nem só aqueles que lá estão – é a comunidade toda”.
“A floresta é de todos, mas a responsabilidade também é de todos nós”, sublinha.
Depois de uma semana dramática, com o fogo em Monchique e noutros concelhos do Algarve a consumir floresta e casas, Emílio Vidigal diz que “vai ser necessário fazer uma grande ação de divulgação de medidas e de educação das populações”.
E “não podemos atuar de uma forma localizada, com pequenos projetos, mas sim dotar esta zona ardida de um grande plano de intervenção plurianual – não pode ser feito tudo de uma vez – que interprete estas questões que eu estou a dizer: diversidade das espécies, melhores acessibilidades, etc”, indica.
Quanto aos apoios às populações, “não pode haver precipitações nos apoios”, diz. “Os apoios têm de ser ponderados. O dinheiro é escasso, não pode haver ações mediáticas só para agradar a um ou a outro”, defende.
O fogo em Monchique começou na passada sexta-feira, dia 3, e foi dado como dominado esta sexta-feira, dia 10. Fez 41 feridos, 22 dos quais bombeiros. Ministro da Administração Interna e primeiro-ministro, juntamente com outros governantes, deslocam-se hoje à região.