O Partido Socialista espanhol não conseguiu reunir os votos necessários para formar Governo esta terça-feira.
Depois de um primeiro fracasso na segunda-feira, em que os partidos de direita votaram contra a possibilidade de Pedro Sánchez ser o novo primeiro-ministro, o líder socialista precisava agora dos votos a favor do Podemos e de outros pequenos partidos de extrema-esquerda.
Uma vez que o Podemos anunciou que se vai abster na votação, Sánchez deixa de ter a possibilidade de obter os votos suficientes para formar Governo.
A próxima votação terá de ficar para quarta-feira, altura em que já bastarão os votos a favor do Podemos, que está a negociar um Governo de coligação com o PSOE de Sánchez. O líder do Podemos abdicou da sua exigência de fazer parte desse novo Governo, eliminando assim o principal obstáculo que existia entre os dois partidos.
No final da votação Rafael Simancas, secretário-geral do PSOE, pediu responsabilidade aos restantes partidos.
"Por isso pedimos a todos os grupos parlamentares, até á próxima quinta-feira façam um exercício de realismo, de coerência, um exercício de responsabilidade para que Espanha tenha um Governo que mereça, um Governo de que os espanhóis precisam", disse.
Revisão constitucional
A dificuldade em formar Governo reflete a nova realidade política em Espanha, em que o PP e o PSOE, enfraquecidos pelo surgimento de alternativas tanto à direita como à esquerda, deixaram de conseguir obter maiorias absolutas nas cortes.
Ao longo dos últimos anos tem havido vários governos minoritários, por consequência frágeis, seguidos de novas eleições. Pedro Sánchez diz que quer mudar a constituição para mudar este problema estrutural.
“O problema não é a capacidade de diálogo e de acordo que temos nesta câmara, entre o conjunto dos 350 deputados. O problema é estrutural e por isso a primeira medida que vou propor à câmara é a alteração do artigo 99 da Constituição para que os espanhóis saibam quando forem chamados às urnas, que quando há um debate de investidura, vai sair um Governo e não há a ameaça de novas eleições”, disse.