Parecem amigos de longa data. Contam piadas, contam histórias e riem-se dos tiques e manias uns dos outros. Mais de uma semana depois do início da viagem, os 29 jovens da diocese de Lisboa que participaram na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Panamá, regressaram a Portugal. Aterraram esta terça-feira, 29, no mesmo dia em que o cardeal patriarca, D. Manuel Clemente, foi recebido por dezenas de pessoas no aeroporto da capital.
Chegaram cansados, mas felizes, asseguram à Renascença. Muitos não se conheciam, mas estreitaram laços ao longo da semana. À saída do avião, e tal como faziam pelas ruas do Panamá, exibem bandeiras nacionais e evocam o Papa Francisco, entoando refrões como "Esta es la juventud del Papa" e "Viva o Papa".
Francisco Botelho, 23 anos, faz parte deste grupo de portugueses. Em 2016, esteve na JMJ, em Cracóvia, na Polónia, e, este ano, repetiu a experiência, desta vez noutro continente. “Um dos momentos mais marcantes desta jornada foi a missa final”, diz. Durante a celebração, esteve com mais 14 jovens portugueses na zona lateral do altar, com o Papa Francisco ali muito perto.
“O mestre-de-cerimónias [monsenhor Guido Marini] disse-nos que, assim que Lisboa fosse anunciada como a próxima cidade a acolher a JMJ, fizéssemos uma grande festa.” E assim foi. Quando se soube que Portugal receberia o evento, os jovens pularam de alegria. No fim, e já depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter cumprimentado o Papa, um dos seguranças chamou-os. “O Papa disse-nos ‘olá’ e conseguimos tirar uma fotografia com ele. Beijámos-lhe as mãos. Sendo ele Pedro, é um momento alto para qualquer católico estar na sua companhia.”
Do grupo fazia parte também Pedro Cabrita, 21, que fez uma das leituras na missa. “Treinei bastante, até porque a folha que me entregaram tinha palavras coladas e letras em falta. Tive de me preparar bem. Não podia errar diante de 600 mil pessoas”, conta o jovem que frequenta o mestrado em gestão de ONGs.
“Ao fazer uma leitura diante daquela multidão, senti que estava a representar os portugueses, o Patriarcado de Lisboa e o Escutismo, movimento ao qual pertenço.” A este dia inesquecível juntou-se uma semana "igualmente inesquecível". “Na JMJ, o amor é concreto, seja na relação com o outro, seja na oração e no serviço”.
Para Ana Sofia Almeida, 24, esse amor foi visível nas pessoas com quem se cruzou ao longo da semana. “Notava-se mesmo que os panamianos nos queriam receber bem”, diz a jurista, contando que nas ruas era comum ouvir-se um “bienvenidos a Panamá”.
“A cidade estava unida. A comunidade muçulmana, por exemplo, ofereceu garrafas de água aos peregrinos, dando as boas-vindas ao Papa Francisco, homem da paz”, revela. A jovem ficou alojada, com mais duas portuguesas, em casa de Carolina, uma panamiana de 86 anos. “Deu-nos o melhor que tinha. Preocupava-se genuinamente com o nosso bem-estar, fosse nas barritas de cereais que nos dava para comer durante a manhã, fosse no tratamento das bolhas que tínhamos nos pés - andávamos muito.”
A juntar às pessoas e à sua alegria, diz que esta JMJ é também especial pela sua localização. “A América Central é uma região periférica e este evento mostra a necessidade e a importância de a Igreja estar presente nestas zonas.”
À chegada a Lisboa, Ana Sofia diz ter “as baterias carregadas”. “Hoj, ser católico é desconcertante - muitas pessoas não percebem por que acreditamos em Deus e passamos tempo a rezar.” E conclui: “A JMJ é uma oportunidade para conhecer jovens com a mesma fé e desse encontro trazer um maior entusiasmo e convicção de que este é o verdadeiro caminho que queremos para a nossa vida.”