É das mais antigas e emblemáticas procissões de Lisboa. Este domingo, 5 de março, volta a atravessar a cidade, retomando o percurso original. Francisco de Mendia, da Irmandade da Santa Cruz e Passos da Graça, confia que a polémica dos abusos na Igreja não irá afastar os crentes.
“Estamos a passar por um momento difícil, que nenhum católico desejaria que acontecesse. Mas, atrás de cada pessoa menos boa, temos muita gente boa, muita gente a fazer o bem, e as pessoas sabem distinguir as coisas ”, afirma à Renascença.
À semelhança do ano passado, a procissão tem uma intenção particular. “Obviamente que o principal objetivo é fazer esta Via Sacra, mas podemos pedir alguma atenção especial. Em 2022 para nós foi muito evidente que tínhamos de fazer alguma coisa relativamente à Ucrânia, de associação aos ucranianos, pelo sofrimento por que estavam a passar. Este ano pensámos na Jornada Mundial da Juventude. Temos a sorte de ir receber um encontro desta dimensão, com milhares de jovens de todo o mundo. É uma alegria muito grande, e vamos ter isso presente ”, afirma aquele responsável, que deixa um convite para que todos participem nesta procissão que marca a Quaresma em Lisboa.
“Convido todos a participar, sobretudo quem não conhece, ou nunca viu nem esteve presente na Procissão do Senhor dos Passos, porque é uma ocasião única. Para crentes, obviamente por uma questão de fé, mas para não crentes também, porque isto só acontece uma vez por ano, e todas as peças que levamos, as alfaias, as lanternas, as imagens, o pálio, é tudo muito bonito, do melhor que sempre se fez em termos de arte portuguesa nos últimos séculos”, refere.
“É como um museu a sair à rua”
A Real Irmandade de Santa Cruz e Passos da Graça nasceu em 1586, passam agora 437 anos. A primeira procissão saiu em 1587, num percurso que se aproxima do atual, atravessando o coração de Lisboa. “ Começa na Igreja de São Roque, passa pela Encarnação, pelo Largo Camões, desce a rua Garret toda, segue para o Rossio. Do Rossio segue para o Martim Moniz e do Martim Moniz subimos a Calçada dos Cavaleiros até à Igreja da Graça ”, explica Francisco de Mendia, lembrando que têm por missão todos os anos organizar a procissão, cuidar e, se possível, aumentar o espólio que a integra.
“Temos peças riquíssimas e um arquivo documental que vem desde 1586, apesar da passagem dos franceses em Portugal, que derreteram grande parte das nossas alfaias, mas que recuperámos novamente”. Uma das peças é emblemática, e “só sai uma vez por ano”, é o esplendor do Senhor dos Passos. “É em ouro e foi dado pelo Rei D. José. A princesa na altura, e depois Rainha, Dona Maria, teve uma doença grave e o rei pediu a intercessão do Senhor dos Passos para salvar a filha, o que aconteceu. Mais tarde fez a oferta deste esplendor, que usamos sempre apenas no dia da procissão”.
Para Francisco de Mendia “é natural que as pessoas, mesmo os não crentes, se surpreendam com a beleza das peças quando veem a procissão passar. É como o museu estar a sair à rua! O que transforma esta procissão não só num momento espiritual, de fé, mas também num momento cultural bastante importante da nossa cidade, e que marca o período da Quaresma ”.
Depois da implantação da República, por causa da perseguição à Igreja, a procissão foi encurtada, mas há 10 anos foi retomado o percurso mais longo, por iniciativa de D. Manuel Clemente. “Ainda era bispo auxiliar, presidiu a uma procissão e pediu-nos para retomarmos o trajeto original. Foi o que fizemos logo que possível”. Foi em 2013.
Mais ou menos extensa, esta é sempre uma procissão muito participada pelos lisboetas, cuja devoção ao Senhor dos Passos teve sempre um papel importante na cidade. “Tão importante que os portugueses levaram esta tradição para cada um dos países para onde foram”, e hoje, “para além de ser possível ver no país todo várias irmandades que fazem esta mesma procissão, também é possível chegarmos ao Brasil, à Índia ou a Macau e ver que este culto fez escola”, sublinha Francisco de Mendia.
Domingo, 5 de março, às 11h00, a Missa Solene na Igreja de São Roque será celebrada pelo bispo Auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação JMJ, D. Américo Aguiar.
Às 14h30 haverá recitação do Terço, seguida da procissão com a imagem do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora da Soledade. Sairá pelas 15h com destino à Igreja da Graça, num cortejo presidido pelo cardeal patriarca D. Manuel Clemente e que atravessará Lisboa.
Depois da implantação da República, por causa da perseguição à Igreja, a procissão foi encurtada, mas há 10 anos foi retomado o percurso mais longo, por iniciativa de D. Manuel Clemente. “Ainda era bispo auxiliar, presidiu a uma procissão e pediu-nos para retomarmos o trajeto original. Foi o que fizemos logo que possível”. Foi em 2013.
Mais ou menos extensa, é sempre uma procissão muito participada pelos lisboetas, cuja devoção ao Senhor dos Passos teve sempre um papel importante na cidade. “Tão importante que os portugueses levaram esta tradição para cada um dos países para onde foram”, e hoje, “para além de ser possível ver no país todo várias irmandades que fazem esta mesma procissão, também é possível chegarmos ao Brasil, à Índia ou a Macau e ver que este culto fez escola”, sublinha Francisco de Mendia.
Domingo, 5 de março, às 11h00, a Missa Solene na Igreja de São Roque será celebrada pelo bispo Auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação JMJ, D. Américo Aguiar.
Às 14h30 haverá recitação do Terço, seguida da procissão com a imagem do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora da Soledade. Sairá pelas 15h com destino à Igreja da Graça, num cortejo presidido pelo cardeal patriarca D. Manuel Clemente e que atravessará Lisboa.