Durão Barroso acusa a Comissão Europeia, organização que liderou durante dez anos, de ser discriminatória e inconsistente. É a reacção do novo presidente não-executivo do banco de investimento Goldman Sachs depois do parecer da comissão de ética ir avaliar o novo emprego de Durão Barroso.
Numa carta endereçada ao actual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, Barros defende a decisão de ter aceite o lugar na Golsman Sachs, apesar de esta ter desencadeado uma onda de indignação e protestos na União Europeia.
Esta semana, foi noticiado que a Comissão Europeia vai averiguar, na comissão de ética, a sua passagem a presidente da Goldman Sachs International e que, a partir de agora, Juncker pediu aos serviços que tratem o português como um qualquer lobista, representante dos interesses, neste caso, do banco de investimento.
“Tem sido dito que o mero facto de trabalhar para a Goldman Sachs levanta questões em relação a minha integridade”, escreveu Durão.
“Apesar de respeitar a opinião de todos, as regras são claras e devem ser respeitadas. Todas as acusações que me fazem são infundadas e discriminatórias em relação a mim e à Goldman Sachs”, acrescentou Durão Barroso.
Segundo as regras comunitárias, um antigo membro do braço executivo da União Europeia tem 18 meses para comunicar caso tenha um novo emprego. Durão Barroso, que presidiu a Comissão Europeia entre 2004 e 2014, fez a referida comunicação 20 meses depois, como relembra o FT.
Durão põe em causa que a decisão esteja já tomada mesmo antes de a comissão de ética analisar o caso. "Não só estas acções são discriminatórias como parecem ser inconsistentes com as decisões tomadas em relação a outros antigos membros da Comissão", continua a carta, citada pelo Financial Times.
Durão termina a carta a dizer que nunca pensou ser beneficiado em Bruxelas por ter sido presidente da Comissão, mas também não esperava ser discriminado.
O português não é o primeiro dirigente de topo da Comissão Europeia a sair para a Goldman Sachs. Peter Sutherland, ex-comissário da competitividade nos anos de 1980, fez o mesmo percurso que agora Durão Barroso seguiu.