São cada vez mais os jogadores patológicos a recorrer ao online. De acordo com o estudo do psicólogo Pedro Hubert, o vício está a aumentar entre as camadas mais jovens e com mais estudos.
“Os jogadores patológicos online apostam, sobretudo, a pocker e em apostas desportivas, ao contrário dos jogos offline. Têm menos de 30 anos em média, 80% têm licenciatura ou o 12º ano e são na maioria homens”, descreve o especialista.
O Instituto de Apoio ao Jogador, de que Pedro Hubert é coordenador, recebe, em média, 10 pedidos de ajuda por semana. São muitos mais do que em 2009. Desde há seis anos que os números têm vindo a disparar, principalmente, entre os que recorrem ao online para jogar.
Pedro Hubert garante que os pedidos de ajuda que chegam ao instituto passaram “de um a dois casos por semana, para perto de 10 jogadores, numa média de um a dois casos por dia”.
Outro dado interessante é que “ 50% dos telefonemas são dos jogadores. Os outros 50% são de familiares, como a mãe ou os pais, a mulher ou a namorada”, adianta.
Ao contrário dos jogadores offline – como os dos casinos e das casas de jogos, que têm associada, na maior parte dos casos, patologias como o álcool e outras dependências – os jogadores online sofrem, essencialmente, de distúrbios de ansiedade e stress, com efeitos “muito graves ao nível do abandono escolar, de insucesso, de instabilidade emocional e de conflitos familiares”.
Não envolvem dinheiro, mas envolvem muito tempo
Pedro Hubert diz que a maior parte dos casos patológicos correspondem a “estudantes universitários com idades entre os 17 e os 22 anos, mas o problema começa bem mais cedo, entre os 12 e os 13 anos”.
São jovens focados, em 20% dos casos, em jogos que não envolvem dinheiro, ou seja “os vídeos jogos, os ‘call of duty’ e ‘league of legends’, jogos que não envolvem dinheiro, mas que envolvem muito tempo”.
Diz este especialista que a legislação existente já acompanha o aumento de casos e na maior parte das situações as soluções estão já no terreno. Há equipas de psicólogos que estão a trabalhar com as várias direcções regionais de saúde para formar médicos no sentido do acompanhamento ser o mais adequado.