Um italiano conhecido por ser “o médico dos migrantes” na ilha de Lampedusa conquistou um lugar no Parlamento Europeu nas eleições de domingo, contrariando a tendência de subida da extrema-direita no sul de Itália.
Pietro Bartolo, que se tem dedicado a prestar cuidados de saúde aos migrantes no Mediterrâneo, concorreu pelo partido de centro-esquerda italiano (Partido Democrático). Foi apresentado na campanha eleitoral como sendo a última esperança contra o discurso anti-imigração da extrema-direita.
Acabou por ficar em segundo lugar na Sicília, com cerca de 20% dos votos, atrás da Liga (45%), de Matteo Salvini, a quem recusa tratar pelo nome. Um resultado que, confessa, “doeu”.
“Mas também é verdade que apenas 26% das pessoas de Lampedusa foram às urnas. E é ainda de notar que a minha ilha, com apenas seis mil habitantes, tem carregado o peso da crise migratória há 30 anos”.
Bartolo considera que o crescimento da Liga em Itália é um “tsunami”. “Estamos no meio de uma onda de forças fascistas”, diz o médico de 63 anos, ao jornal The Guardian.
“Estou grato àqueles que me apoiaram. Mas, ao mesmo tempo, estou muito preocupado com os resultados alcançados por aquele homem, aquele que fecha os portos aos navios de resgate e que quer multar quem salva os migrantes”.
Pietro Bartolo é um dos protagonistas do documentário “Fogo no Mar”, que venceu um Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim, em 2016. O médico escreveu ainda, juntamente com a jornalista Lidia Tilotta, o livro “Lágrimas de Sal”.
Na segunda-feira, Bartolo agradeceu na sua página de Facebook o afeto e o apoio dos eleitores. “Agora vamos trabalho e sem medo”, escreveu.