Dezenas de casas térreas, em banda.
O silêncio entre a malha urbana de Rio Frio só é interrompido pelo chilrear dos pássaros e pelos passos de Marisa Durães, a caminho da paragem de autocarro. Reside na zona onde habitaram os trabalhadores da grande herdade rural ali existente - uma das maiores de Portugal - e onde ainda existem cavalariças e picadeiros e não lhe agrada a ideia de acabar com aquele sossego.
"Não é muito agradável, não. Acho que não. Para a zona que é, acabava-se a nossa calma e a nossa paz. É o mais importante aqui e o que faz ficar aqui muita gente".
O autocarro chega e lá entra, a caminho do trabalho.
A pouco mais de 10 quilómetros para sul, pela nacional 5, Poceirão. A caminho de um dos cafés na praça central, Ana Paula Carreira não tem dúvidas.
"Seria uma zona um pouco mais movimentada do que é hoje. A pouco e pouco, temos perdido tudo aqui na zona. É uma zona rural e relativamente pobre. Acho que seria uma mais valia, sim".
A sair do café, curioso com a conversa, está Paulo Oliveira - que se mostra pronto para a possível mudança.
"Vai evoluir mais o Poceirão, que precisa. Vamos ter mais casas, hotéis, mais tudo. Vem mais trabalho. Vamos embora!"
Quer ir embora para o trabalho e espera por uma boleia, na esquina ao fundo da rua. Antes de partir, Benvinda Neto deixa um desabafo.
Acho que há sitios com mais acessos para isso, mas... De um momento para outro, hoje acham uma coisa, amanhã outra", refere esta natural da terra, que remata com uma pergunta:
"Você já viu há quantos anos estão nisto?"
Pelo menos há quarenta, Benvinda. Ou mais...