O presidente do Congresso e do Conselho Nacional do PSD, Paulo Mota Pinto, critica o que classifica de “manobras políticas incoerentes" para mexer nas datas das diretas e do Congresso do PSD.
No programa Casa Comum da Renascença, Paulo Mota Pinto foi confrontado com a recolha de assinaturas pela candidatura de Paulo Rangel para um conselho nacional extraordinário de forma a antecipar o congresso para meados de dezembro.
Paulo Mota Pinto diz não recebeu nada, promete cumprir os estatutos, mas deixa a crítica aos apoiantes de Paulo Rangel, o eurodeputado que vai disputar a liderança do PSD com Rui Rio.
“O que é preciso agora é serenidade e reflexão e não andar com manobras de políticas de alterações de datas, etc… Enquanto militante, e acho que os militantes não gostam disso, que vindas essas alterações em reação a desenvolvimentos que não foram previstos e até foram negados por algumas pessoas que achavam que isto não acontecer, vindas de quem criticou propostas de adiamento de eleições por, alegadamente, serem golpadas ou golpes, que a realidade mostrou não serem, essas propostas não são coerentes.”
Uma possível antecipação do Congresso do PSD para dezembro levanta questões regulamentares e de estatutos que Paulo Mota Pinto não consegue ainda avaliar.
“A data das diretas está marcada [para 4 de dezembro]. Pelo que eu li nos jornais, porque não recebi nenhum requerimento, o que está em causa seria a alteração da data do congresso”, afirma.
Questionado se o congresso pode acontecer ainda este ano, Mota Pinto responde: “isso é uma coisa que não depende de mim, depende do Conselho Nacional e de questões administrativas de organização do congresso e regulamentares.
Por outro lado, o presidente do Congresso do PSD considera estranho que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tenha recebido Paulo Rangel para falar de eleições.
“Estranhei o momento, uma vez que os candidatos só são recebidos na Presidência da República se e quando forem eleitos, porque não têm estatuto constitucional. E estranhei sobretudo, se for verdade o que se diz nos jornais, o tema. Porque se o tema foi discutir as eleições legislativas é muito estranho que um dos candidatos anunciado – e pode haver outros – seja recebido antes sequer de serem ouvir líderes partidários”, critica Paulo Mota Pinto.
O dirigente social-democrata diz, ainda, que seria grave que o Presidente da República tivesse falado com vários deputados para aprovar a proposta de Orçamento do Estado para 2022. O presidente do Congresso do PSD diz que Paulo Rangel anda à procura de “protagonismo” em excesso.
“Também me parece que da parte do candidato Paulo Rangel, que agora foi recebido [por Marcelo Rebelo de Sousa], que essa busca de protagonismo ou de iniciativas paralelas ao combate político no Parlamento sobre o Orçamento do Estado também não é bem vista pelos militantes. Já para não falar da hipótese de o Presidente da República ter falado com ele, como se disse também nos jornais que teria falado com outros deputados, na tentativa de conseguir a aprovação do Orçamento do Estado. Isso aí ainda seria mais grave”, adverte Paulo Mota Pinto no Casa Comum da Renascença.