O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse este domingo que um convite para adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) "é necessário" para "sobrevivência" do país, vincando que isso permitiria ter garantias de segurança na negociação.
"O convite da Ucrânia para aderir à NATO é necessário para a nossa sobrevivência. Estamos a trabalhar a todos os níveis para reforçar a posição da Ucrânia e de toda a comunidade euro-atlântica", disse Volodymyr Zelensky.
Falando em conferência de imprensa no Palácio Mariyinsky, em Kiev, junto ao novo presidente do Conselho Europeu, António Costa, o chefe de Estado ucraniano salientou que só a adesão à NATO daria "garantias de segurança" à Ucrânia e que só isso poderia permitir negociar um cessar-fogo com a Rússia, que invadiu o país em fevereiro de 2022.
Apesar de agradecer o apoio europeu e dos parceiros ocidentais, Zelensky referiu que a Ucrânia "está a combater sozinha" e a proteger a União Europeia (UE), apelando por isso ainda à integração comunitária e a mais sanções por parte do bloco à "frota fantasma" da Rússia, que tem permitido furar as medidas restritivas.
Sobre a questão do alargamento, o presidente do Conselho Europeu falou, por seu lado, numa "decisão geopolítica", na expectativa de que no primeiro semestre de 2025 se registem avanços nas negociações de adesão e que haja uma integração gradual da Ucrânia na UE, começando com a abolição de tarifas roaming e com a interligação em certos aspetos do mercado interno comunitário.
Costa promete €1,5 mil milhões por mês à Ucrânia
António Costa recordou ainda a Restauração da Independência em Portugal, que se assinala este domingo, para defender em Kiev a soberania da Ucrânia, num "início simbólico" de funções, segundo o Presidente ucraniano.
"Estar aqui hoje na Ucrânia, nem dia em particular, tem um significado muito especial para mim. No 1.º de Dezembro, desde há quase 400 anos e todos os anos, o meu país celebra o Dia da Independência: a nossa soberania nacional, o nosso direito à autodeterminação e o direito à integridade territorial e ao respeito pelas fronteiras", disse António Costa.
O Presidente do Conselho Europeu adiantou ainda que "este mês, a União Europeia vai disponibilizar à Ucrânia 4,2 mil milhões de euros adicionais para apoiar o orçamento ucraniano". Além disso, a partir do próximo mês, Costa disse que vai ser prestado, "durante um ano inteiro, todos os meses, 1,5 mil milhões de euros de assistência. Este dinheiro provém dos rendimentos dos cativos congelados da Rússia e pode também ser utilizado para fins militares".
No seu discurso, António Costa admitiu que vai ser aumentada "a pressão sobre a economia russa", de forma a "enfraquecer ainda mais a capacidade da Rússia para fazer a guerra. Estamos a preparar um 15º pacote de sanções contra o regime de Putin".
1ª dia de mandado na Ucrânia
António Costa chegou esta manhã a Kiev para passar o primeiro dia do seu mandato, acompanhado pela chefe da diplomacia da UE, para garantir apoio à Ucrânia face à invasão russa.
Cerca das 8h00 (hora local), como constatou a Lusa no local, António Costa chegou a Kiev, numa comitiva composta pela alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, e a comissária europeia do Alargamento, Marta Kos, que também iniciam hoje funções no executivo comunitário.
A deslocação de alto nível este domingo à Ucrânia acontece após dias de intensos ataques russos contra infraestruturas energéticas críticas do país e no arranque da estação fria no país, que se teme que seja crítica, razão pela qual a UE já mobilizou ajuda, além do apoio (político, humanitário, militar e financeiro) disponibilizado ao país desde a invasão russa em fevereiro de 2022.
Surge também dias depois de Zelensky ter afirmado que está preparado para terminar a guerra na Ucrânia em troca da adesão à NATO (das partes não ocupadas do país), mesmo que a Rússia não devolva imediatamente os territórios apreendidos.
O antigo primeiro-ministro português António Costa inicia este domingo funções como presidente do Conselho Europeu, num mandato que se estende até 31 de maio de 2027 e no qual pretende tornar a instituição mais eficaz e promover a unidade europeia.
Este é o primeiro português e o primeiro socialista à frente da instituição.
[notícia atualizada às 15h47]