Portugal permanece um país importante a nível político, ativo na União Europeia e propenso a criar pontes e reforçar as relações a nível internacional, disse a Lusa um responsável parlamentar iraniano.
"Na nossa perspetiva Portugal é um país importante a nível político, de poder de decisão na UE, e com muita influência para criar pontes e relações no Médio Oriente e a nível mundial", assinalou, em declarações, à Lusa Jalim Rahimi, presidente do Grupo parlamentar de amizade Irão-Portugal e membro do Comité de Segurança Nacional e de Política Externa do parlamento islâmico iraniano.
"Temos uma história diplomática com Portugal que remonta há 500 anos, das relações mais antigas que mantemos. A história dos descobrimentos e da navegação portuguesa chegou a muitos povos e para nós é uma história importante porque também fazemos parte dela", sublinhou o responsável que chefia uma delegação parlamentar de visita a Portugal desde terça-feira.
A deslocação, que se conclui no sábado, constitui a primeira visita ao exterior de um grupo parlamentar de amizade iraniano na sequência das restrições provocadas pela pandemia.
"Temos relação muito próxima com Portugal em termos de política internacional e apoiamo-nos mutuamente quando existe algum dos nossos candidatos para um cargo internacional", frisou Jalim Rahimi, que agora retribui a vista efetuada há dois anos a Teerão pelo Grupo parlamentar de amizade Portugal-Irão, onde manteve reuniões no parlamento e ministério dos Negócios Estrangeiros.
O grupo já manteve quatro reuniões nesta visita, com o Grupo parlamentar de amizade Portugal-Irão presidido pelo deputado do PS Luís Graça, com Fernando Negrão, vice-presidente da Assembleia da República "e onde foi entregue um convite oficial ao presidente do parlamento Ferro Rodrigues por parte do presidente do parlamento iraniano para uma vista oficial", e ainda com o presidente dos Negócios Estrangeiros e Comunidades portuguesas, o deputado Sérgio Sousa Pinto.
"Neste encontro emiti um convite oficial por parte do presidente do Comité de Segurança Nacional e de Política Externa do parlamento iraniano para visitar o Irão. A situação no Afeganistão e outros temas internacionais também foram abordados", esclareceu.
A última reunião juntou a delegação e o secretário de Estados dos Negócios Estrangeiros e cooperação do MNE, Francisco André, "uma oportunidade para trocarmos ideias sobre temas políticos e de segurança, incluindo o Afeganistão e a questão do narcotráfico, e relações económicas e bilaterais", precisou o deputado iraniano.
Na agenda não está previsto um encontro com o ministro dos negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Após sublinhar a importância que fornecem a esta "relação de amizade", o responsável iraniano sustentou que a política externa portuguesa "tem como objetivo criar laços entre povos diferentes e não interfere nos assuntos de outros países".
Portugal "tem uma política equilibrada e apoia o multilateralismo e não o unilateralismo na sua política externa. Ao contrário de dividir, ajuda a criar pontes e para nós é um ponto muito importante", considerou.
Numa referência às relações económicas, um dos temas em destaque nos encontros bilaterais, Jalim Rahimi recordou que nos últimos anos foram perdidas "muitas oportunidades", mas manifestou otimismo.
"A nossa relação política manteve-se, e uma das razões da nossa visita foi voltar a relançar e reforçar a cooperação económica, como existiam antes das sanções", numa referência às sanções que os Estados Unidos voltaram a impor ao Irão em 2018 após abandonarem o acordo sobre o nuclear durante a presidência de Donald Trump.
Um cenário que na sua ótica implica a permanência dos entraves que Washington continua a impor à Europa para que concretize negócios com o Irão.
"Somos claros, todas as partes têm de voltar a respeitar o acordo assinado entre todos e regressarmos à anterior situação de normalização. A Europa está a perder uma grande oportunidade de negociar com o Irão e as sanções nem são europeias", asseverou, antes de assegurar que o seu país "sempre cumpriu os compromissos previstos no acordo nuclear", numa referência ao documento assinado em 2015 entre Teerão e as grandes potências e onde está estipulado que as sanções deveriam ser levantadas em caso de cumprimento por Teerão das suas obrigações.
"Antes destas sanções Portugal tinha exportava quatro vezes mais para o Irão em comparação que o nosso país exportava para Portugal. Portugal é que está a ser sancionado pelos Estados Unidos, a sofrer quarto vezes mais as sanções...", garantiu, antes de justificar a afirmação.
"Temos muito interesse em importar vários produtos portugueses, como carne, cortiça e outros produtos, e devido às sanções não podemos importar e somos forçados a procurar outros mercados, na Ásia, América Latina, e isso afeta a própria exportação portuguesa".
Nesta perspetiva, concluiu com um dado destinado a justificar a necessidade de uma retoma da troca de mercadorias entre os dois países.
"As relações comerciais entre os nossos dois países antes das sanções atingiam os 25 milhões de euros, em 2019, e desse total 20 milhões eram as exportações de Portugal".