A desativação dos sistemas de rega automática nos jardins ou a criação de furos artesianos em parques urbanos são algumas das medidas implementadas por alguns municípios do Grande Porto para mitigar a escassez de água, indicaram esta terça-feira várias fontes.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, contou que foram feitos furos artesianos no Parque Urbano de Gondomar e no Parque Urbano de Rio Tinto para evitar que a rega destes espaços verde dependa da rede de abastecimento de água.
“É uma opção que visa poupar a rede, que é essencial ser poupada para abastecimento e bem-estar da população”, disse o autarca.
A par desta medida, em Gondomar, no distrito do Porto, foram desligados os chafarizes, reduzida a água disponível nos bebedouros públicos e o uso de fontanários “está limitado e é fiscalizado pelas Juntas de Freguesia”.
Já em Matosinhos, os sistemas de rega automática dos espaços verdes estão desativados, e só são objeto de rega os canteiros com plantas de época e plantações recentes, incluindo tapetes de relva recentemente instalados.
Em resposta à Lusa, fonte da autarquia de Matosinhos referiu que “nos locais que terão de vir a ser regados, houve reduções substantivas das quantidades de água a aplicar, para níveis que garantam apenas a subsistência da vegetação, através da redução de frequências e diminuição dos tempos de rega”.
“Com a suspensão das regas, a poupança de consumo de água cifra-se num valor médio de 20.031 metros cúbicos/mês”, lê-se na resposta da autarquia.
Neste concelho a norte do Porto, foi lançada, ainda, uma campanha de sensibilização dos utentes dos cemitérios, parques, jardins e hortas urbanas.
Já a sul do Porto, em Vila Nova de Gaia, não está prevista nenhuma medida que passe, por exemplo, pelo corte de água em período noturno, medida que Municípios do interior do país já adotaram ou ameaçam adotar, mas a autarquia garante que “perante a crise hídrica atual, a [empresa municipal] Águas de Gaia tem apostado numa resposta proativa e não reativa”.
Através da deteção de fugas não vivíveis, substituição de contadores e implementação de contadores inteligentes, análise “contínua” dos consumos e comparação de faturação, entre outras medidas, a Águas de Gaia diz ter conseguido diminuir o volume de água adquirido à Águas do Douro e Paiva que se traduziu numa poupança, acumulada desde o início do projeto, em 2020, de mais de um milhão e 600 mil metros cúbicos de água.
“Em 2023, o objetivo é que a percentagem de perdas seja de 10%, ou ligeiramente inferior (…). Paralelamente, lançámos um projeto de reutilização de água pluvial em algumas escolas do concelho e desenvolvemos, em conjunto com a Simdouro, um projeto de reaproveitamento de água residual tratada, que permitirá que a rega de jardins e a limpeza urbana utilize esta água residual tratada”, concluiu fonte da Câmara de Gaia.
Também Santo Tirso admitiu estar a implementar medidas para mitigar a escassez de água, nomeadamente nos sistemas de rega automatizada e programada, através da “diminuição de caudal nos jardins e parques do concelho”.
A estas medidas, segundo fonte da Câmara de Santo Tirso, juntam-se outras como a instalação de temporizadores nas torneiras dos bebedouros públicos e das casas de banho e de redutores de caudal, o que “permite uma poupança superior a um milhão de litros de água/ano no pavilhão municipal e piscina municipal”, lê-se na resposta à Lusa.
Quanto às fontes e chafarizes de Santo Tirso, estas são alimentados por circuitos fechados de água e equipados com sensores que permitem reduzir o caudal de saída de água em momentos de ocorrência de ventos fortes.
A autarquia deste concelho do Vale do Ave avançou que está a privilegiar a plantação de espécies vegetais autóctones ou adaptadas às condições dos solos e do clima e a substituir áreas relvadas por áreas de prado de sequeiro.
Na Maia, em reposta à Lusa, o presidente da autarquia, António Silva Tiago, salientou que não se tem sentido falta de água no concelho, pelo que a autarquia vai “manter a estratégia de “sensibilizar os consumidores para um uso responsável, parcimonioso e eficiente” da água.
“Felizmente, a população do concelho da Maia não tem vivido este problema da escassez de água, em consequência da seca, mas isso não nos dispensa a necessidade de sermos responsáveis e até demonstrarmos respeito pelos nossos compatriotas que estão a sofrer na pele com este grave problema (…) É uma questão de civismo, mas é também uma questão de ética pública e de solidariedade”, referiu.
A agência Lusa também solicitou informações às autarquias do Porto, Valongo e Trofa e aguarda resposta.