Até mesmo a pontuação foi negociada ao detalhe para que os 27 Estados-membros da União Europeia (UE) garantissem uma posição conjunta quanto à guerra entre Israel e o Hamas no Médio Oriente.
A par de mais uma condenação ao terrorismo do grupo de militantes islamitas, e reconhecimento a Israel do direito de autodefesa, com conta, peso e medida, é carimbado neste Conselho Europeu o apelo ao estabelecimento de "corredores e pausas humanitárias".
Portugal até era dos que queria mais, com António Costa a defender um apelo ao cessar-fogo, mas a maioria não quis ir tão longe.
"Havia países que não só defendem o cessar-fogo, como entendem que o cerco, o corte da energia elétrica, o corte do abastecimento de água [à Faixa de Gaza] é uma violação do direito internacional", explicou o primeiro-ministro português aos jornalistas em Bruxelas esta sexta-feira.
Pouco antes, a Al-Jazeera noticiava que Israel e Hamas estarão a negociar um cessar-fogo e troca de prisioneiros com medicação do Qatar.
"Há outros países que entendem que o direito de defesa de Israel não deve ser condicionado", adiantou Costa. "Não temos de estar a recordar a terceiros Estados que estão em seu direito de defesa. Quais são as suas obrigações internacionais? Uma Europa a 27 é uma Europa plural e, portanto, aquilo que eu relevo é o esforço que todos, a partir de diferentes posições, conseguiram ter, com sucesso, em termos de uma posição comum.”
Mesmo relativamente ao que se passa na Ucrânia desde a invasão da Rússia, no final de fevereiro de 2022, há vozes dissonantes na UE, mas resulta claro para Costa que os 27 devem continuar a apoiar Zelensky na defesa do seu país.
"A Ucrânia é exatamente a mesma situação. Nós não temos todos a mesma posição sobre a Ucrânia. Agora, o que é reafirmado nestas conclusões, e com particular oportunidade, é que a União Europeia tem bem presente que esta guerra não encerrou a anterior, e que o direito da Ucrânia a defender-se e o dever que temos de apoiar a Ucrânia na sua defesa é um dever que se mantém."
Recebida com sorrisos pelos 27, depois de interromper a subidas dos juros, foi Christine Lagarde, a presidente do Banco Central Europeu, que deixou em Bruxelas um sinal de confiança na trajetória das economias da Zona Euro.
Na conferência de imprensa no final do Conselho Europeu, a Renascença confrontou António Costa com a queixa-crime que Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, decidiu apresentar contra o primeiro-ministro e contra João Galamba esta semana. Em causa estão as acusações do suposto roubo de um computador do Estado.
"O senhor é jurista e pergunto-lhe: como é que reage? E por outro lado, se de alguma forma se arrepende de não ter tido em consideração o direito à presunção de inocência quando usou uma determinada palavra?"
Em resposta, o primeiro-ministro repetiu: "Eu sobre temas de política nacional não tenciono falar."