O Presidente da República da Guiné-Bissau, Sissoco Embaló, ordenou o fim da mendicidade de crianças no país, dando ao ministro do Interior o prazo de uma semana para proibir a circulação de meninos nas ruas a pedir esmolas.
O Presidente guineense considera a prática "uma flagrante violação dos direitos das crianças".
Sissoco Embaló entende que um menino que “passa todo o tempo a pedir esmola nas ruas não tem condição para frequentar as aulas”, o que constitui “uma violação grave do seu direito fundamental”. O Presidente acrescenta ser "vergonhoso" o ato de um adulto mandar as crianças pedir esmolas pelas ruas de Bissau, sob a alegação de estarem a angariar sustento para os seus mestres corânicos.
De acordo com o padre Keylandio Abdulai Jaquité, assessor do Bispo de Bissau, a ideia da Presidência do país é mesmo “a proteção das crianças”.
Em declarações à Renascença, o sacerdote garante que “muitas dessas crianças gastam mais tempo a andar na rua, do que a aprender o alcorão”, e, portanto, “é injusto, não é correto os pais mandarem essas crianças para a rua”.
Keylandio Abdulai Jaquité fala de “uma rede” em que as crianças são alvo de exploração, havendo mesmo casos “em que são enviadas para o Senegal para aí praticarem a mendicidade, quando supostamente iam para estudar
O padre Jaquité denuncia mesmo casos em que essas crianças “são vítimas de violência quando não levam dinheiro para casa e essa é uma situação muito má e frequente”.
Segundo o assessor do bispo de Bissau, a situação envolve sobretudo crianças islamitas que, em vez de serem enviadas para estudar o alcorão, são encaminhadas para a mendicidade.
O sacerdote adianta que, para além desta proibiçã,o dever-se-ia “trabalhar mais no sentido de sensibilizar os pais para que não enveredem pelas práticas de mendicidade, ao mesmo tempo que o Estado deveria contribuir financeiramente para os filhos poderem aprender o Alcorão. O Estado poderia subsidiar essas escolas”.
Nestas declarações à Renascença, o assessor do Bispo de Bissau destaca o facto de a Igreja local “ter um trabalho reconhecido ao nível da pastoral social”.
"Estamos a trabalhar quer ao nível da educação, quer ao nível da saúde, quer mesmo ao nível da habitação. A Igreja é uma entidade muito reconhecida na Guiné porque trabalhamos bastante junto da comunidade”, remata.