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O Conselho de Segurança da ONU apela ao cessar-fogo efetivo na Síria, após uma reunião em que foi discutido um possível papel das Nações Unidas para retirar elementos "terroristas" de Ghouta, de acordo com diplomatas.
Todos os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas foram unânimes no apelo para que o novo comboio humanitário previsto para quinta-feira "chegue a Ghouta Oriental" e que a ajuda possa ser enviada "todos os dias" para o enclave de rebeldes que lutam contra o regime sírio, de acordo com um diplomata que pediu anonimato.
O presidente do Conselho de segurança, o holandês Karel van Oosterom, afirmou que os 15 membros "exprimiram a sua preocupação no que respeita à situação humanitária" e "reafirmaram os seus apelos para uma aplicação" do cessar-fogo.
A reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas foi convocada "de urgência" a pedido do Reino Unido e da França, com o objetivo de pressionar a Rússia, aliada do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad.
"É urgente continuar a pressionar aqueles que têm influência sobre o regime sírio", declarou o embaixador da França na ONU, François Delattre, aludindo à Rússia e ao Irão.
Segundo as Nações Unidas, a violência continua en Ghouta Oriental e acumulam-se as baixas civis, enquanto a situação humanitária é muito preocupante, apesar da entrada de um comboio de ajuda humanitária na passada segunda-feira.
O cessar-fogo por um período de 30 dias foi determinado na resolução do Conselho de Segurança de 24 de fevereiro, adotado pela unanimidade dos 15 membros, e espera-se que o secretário-geral da ONU, António Guterres, se pronuncie sobre o assunto na segunda-feira, em nova reunião dedicada à Síria.
O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, manifestou a sua disponibilidade para servir de intermediário no sentido de fazer sair de Ghouta Oriental "grupos terroristas", segundo uma fonte diplomática.
Rebeldes sírios no enclave propuseram há uma semana à ONU a retirada desses grupos, para que pudesse ser um contributo para o cessar-fogo.
Os grupos Faylaq al-Rahman, Jaich al-Islam e Ahrar al-Sham, bem como representantes da sociedade civil, comprometeram-se a "deslocar combatentes de Hayat Tahrir al-Cham, Frente Al-Nusra e Al-Qaeda e seus familiares dentro de 15 dias", a partir da entrada em vigor de um cessar-fogo efetivo.
Segundo um diplomata, foi constatado hoje um largo apoio do Conselho de Segurança à ideia de Staffan de Mistura de haver negociações sobre esta matéria entre os grupos armados e as outras partes, particularmente a Rússia, com um papel facilitador por parte da ONU.
De Mistura recordou que em Alepo, em 2016, foi proposto fazer sair da cidade síria o grupo 'jihadista' Al-Nusra e seus familiares e de os acompanhar para a província de Idleb.