A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) lamentou hoje a morte, aos 74 anos, de Ruben de Carvalho, “um dos mais influentes musicólogos portugueses, com uma carreira e um grau de influência que muitos autores reconheceram ao longo de décadas”.
A SPA recordou que o histórico dirigente do Partido Comunista Português (PCP), que foi também jornalista, historiador, musicólogo e programador cultural foi distinguido com o Prémio Pró-Autor da cooperativa no Dia do Autor de 2014, designadamente pela forma como coordenou artisticamente a Festa do "Avante!".
Por outro lado, assinalou a sua intervenção enquanto chefe de redação do "Avante!", vereador da Câmara de Lisboa e deputado na Assembleia da República, eleito pelo distrito de Setúbal.
Ruben de Carvalho integrava ainda, por proposta da SPA, o júri do Prémio Carlos Paredes, atribuído anualmente pela Câmara de Vila Franca de Xira.
Nascido em Lisboa, em 1943, Ruben de Carvalho foi chefe de redação da "Vida Mundial" e redator coordenador do jornal "O Século", tendo chefiado a redação do "Avante!" entre Abril de 1974 e Junho de 1995. Dirigiu, entre 1986 e 1988, a rádio local Telefonia de Lisboa, na qual realizou diversos programas.
O histórico dirigente do PCP mantinha atualmente um programa na Antena 1 da RDP, intitulado "Radicais Livres", em parceria com o comentador Jaime Nogueira Pinto. Antes, no mesmo canal, produziu o programa “Crónicas da Idade Mídia”, com Iolanda Ferreira.
Foi figura preponderante na organização da Lisboa 94-Capital Europeia da Cultura, recordou a SPA em comunicado.
O seu nome está associado aos primeiros concertos públicos, em Portugal, de artistas como Chico Buarque, Dexys Midnight Runners e Pete Seeger, cujo concerto no antigo Pavilhão dos Desportos/Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, em 1983, seria editado em disco.
Conhecedor dos blues norte-americanos e das suas origens e tradição, escreveu em Portugal sobre o fado, títulos como "As Músicas do Fado" (1994), Histórias do Fado (1999) e "Um Século de Fado" (1999).
Membro do Comité Central do PCP, Ruben de Carvalho passou pelas prisões da ditadura e participou na Guerra Colonial.
Foi ainda membro das “comissões juvenis de apoio” à candidatura do general Humberto Delgado e chefe de gabinete de Francisco Pereira de Moura, economista, dirigente do antigo MDP/CDE, quando este foi um dos três ministros sem pasta, no I Governo Provisório, após o 25 de Abril de 1974.