O Papa condenou este domingo no Vaticano a recente vaga de ataques terroristas, actos de “violência cega e brutal”, na sua tradicional mensagem pascal.
“A nossa proximidade [está] com as vítimas do terrorismo, forma de violência cega e brutal que continua a derramar sangue inocente em diversas partes do mundo, como aconteceu nos ataques recentes na Bélgica, Turquia, Nigéria, Chade, Camarões, Costa do Marfim e Iraque”, disse Francisco, citado pela agência Ecclesia, antes de conceder a bênção ‘urbi et orbi’ [à cidade (de Roma) e ao mundo], algo que acontece nos dias de Páscoa e de Natal.
Ainda esta manhã, o Vaticano tinha divulgado a mensagem de condolências do Papa após o atentado no estádio de Iskanderiyah, no Iraque, que provocou dezenas de mortos.
A intervenção, desde a varanda da Basílica de São Pedro, evocou os homens e mulheres que deixaram a sua terra em busca de um “futuro melhor”.
Francisco lamentou que estes “grupos cada vez mais numerosos de migrantes e refugiados – entre os quais muitas crianças - que fogem da guerra, da fome, da pobreza e da injustiça social” encontrem muitas vezes “a morte ou a recusa dos que poderiam oferecer-lhes hospitalidade e ajuda”.
O Papa desejou que sejam construídos “caminhos de esperança para a querida Síria”, país “devastado por um longo conflito, com o seu triste cortejo de destruição, morte, de desprezo pelo direito humanitário e desintegração da convivência civil”.
“Confiamos ao poder do Senhor ressuscitado as conversações em curso, de modo que, com a boa vontade e a cooperação de todos, seja possível colher os frutos da paz e dar início à construção de uma sociedade fraterna, que respeite a dignidade e os direitos de cada cidadão”, apelou.
Depois de desejar “Boa Páscoa” às milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, o Papa passou em revista vários dos principais conflitos da humanidade, deixando votos de esperança e de paz para vários países africanos, incluindo Moçambique, “marcados por tensões políticas e sociais.
“Penso de modo particular no Burundi, Moçambique, República Democrática do Congo e o Sudão do Sul”, precisou.
O pontífice, segundo a Ecclesia, recordou que o mundo está “cheio de pessoas que sofrem no corpo e no espírito”, como é possível verificar nos “relatos de crimes brutais, que muitas vezes têm lugar dentro das paredes do lar”, e de “conflitos armados numa grande escala, submetendo populações inteiras a provas inimagináveis”.
A este respeito, aludiu às regiões da bacia do Mediterrâneo e do Médio Oriente, particularmente o Iraque, Iémen e Líbia.
Francisco convidou israelitas e palestinos a “construir as bases de uma paz justa e duradoura através de uma negociação direta e sincera”.
Em seguida, pediu uma solução “definitiva” para a guerra na Ucrânia, apoiando as iniciativas de ajuda humanitária, “entre as quais a libertação de pessoas detidas”.
O Papa recordou também as “difíceis condições” em que vive a Venezuela, apelando aos que têm nas suas mãos os destinos do país, “para que se possa trabalhar em vista do bem comum, buscando espaços de diálogo e colaboração ente todos”.
A mensagem de Páscoa renovou as preocupações ecológicas do Papa, com uma referência às “regiões afectadas pelos efeitos das mudanças climáticas, que muitas vezes causam secas ou violentas inundações”.