Cerca de um em cada quatro portugueses tem mais qualificações do que as necessárias para o cargo que desempenha, segundo um estudo do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).
Os dados, relativos a 2016, indicam que apenas a Grécia tem uma percentagem maior que os 23,6% de Portugal, com a Finlândia no fundo da tabela, com 7,8%.
O estudo, citado na edição impressa desta segunda-feira do Público, aponta duas principais causas para o fenómeno: o baixo peso da indústria e dos serviços de alta tecnologia na economia portuguesa; e o facto de a função pública não ter absorvido trabalhadores aos ritmos anteriores aos anos da austeridade.
Em declarações ao jornal o investigador responsável pelo estudo, Paulo Marques, explica ainda que os números se devem também ao facto de Portugal ter passado de 12,8% da população com formação superior em 2000, para 39,6% em 2020. Contudo, o mercado laboral não acompanhou, do lado da oferta, a melhoria das qualificações dos candidatos a emprego.
Paulo Marques recomenda que os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência sejam usados também para melhorar este aspeto.
“A grande questão é definir os setores estratégicos, que possam arrastar o desenvolvimento da economia portuguesa nesse sentido. Temos o plano de Recuperação e Resiliência que nos permite ter esta visão estratégica. Não é algo que se possa alterar de um dia para o outro, mas as políticas públicas podem ser direcionadas para determinados setores, os estágios podem ser direcionados para determinados setores”, diz.