A Câmara de Lisboa já devia ter informado os manifestantes sobre a eventual cedência de dados a embaixadas, diz à Renascença o presidente da Venexos, associação de apoio a venezuelanos a viver em Portugal.
Christian Höhn refere que há preocupação na comunidade e sublinha que um pedido de desculpas não chega.
“Derramar o copo e pedir desculpa… As desculpas evitam-se. Pedir desculpas é sempre bom, mas não resolve o mal que está feito. Deveria existir um esclarecimento aos envolvidos, à Venexos, a dizer: ‘informamos que foram estes os dados comunicados’. É muito importante que nós tenhamos acesso ao que foi partilhado.”
O presidente da Venexos refere que o pedido de autorização para um protesto contra Maduro, há quatro anos, foi assinado por nove ativistas. Cerca de metade tem família na Venezuela.
A associação tem por isso preparado um pedido de esclarecimentos à Câmara de Lisboa.
“Vamos enviar uma carta oficial à Câmara de Lisboa a perguntar se algum dos elementos que nós fornecemos foram ou não comunicado à embaixada. Temos eventos, como o grande evento 2017 em Lisboa, em que temos nove subscritores e, dessas nove, quatro têm família na Venezuela. É uma situação bastante complicada”, afirma Christian Höhn.
O ativista venezuelano revela que tem recebido inúmeros contactos de pessoas preocupadas com o caso da partilha de dados por parte da Câmara de Lisboa.
“Tivemos muitos voluntários assustados a ligar-nos e a mandarem-nos mensagens. As três maiores concentrações em Portugal foi a Venexos que fez, especialmente em 2015 e 2017. Em 2017, eram-mos 500 venezuelanos na Praça do Comércio. Muitos têm família na Venezuela, onde existe perseguição às pessoas que organizam e participam em protestos. É um assunto muito grave.”
A Venexos não recebeu qualquer contacto de qualquer autoridade portuguesa. Aguarda a resposta da autarquia para saber se tomará outras medidas, como o recurso à justiça. Há, no entanto, o receio de que o direito à manifestação sofra com este caso.
“Imagine que eu marco uma nova manifestação. As pessoas vão ter medo de ir e de assinar”, afirma Christian Höhn, em declarações à Renascença.