A nota sublinha que “a humanidade conseguiu níveis de progresso que deveriam possibilitar uma vida mais justa e mais fraterna para todos”, mas lamenta que, “no entanto, vemos como essa vida não é uma realidade para um número cada vez maior de pessoas”.
A CNJP diz que “vivemos um momento em que somos chamados a tomar decisões muito importantes, decisões que marcarão certamente a sociedade que estamos a construir e a Humanidade que queremos ser”. “Quando o futuro se apresenta assim tão interpelante e o presente nos exige respostas claras e convictas, muitos podem cair na tentação da paralisia, da desistência ou do medo. No entanto, sabemos que esses não são bons conselheiros na hora das decisões, e esta que estamos a viver é certamente uma dessas horas, quer ao nível internacional, quer, também, ao nível do nosso país”, acrescenta.
A nota adianta que “a mensagem do Papa para esta Quaresma é um claro e convicto convite a escutar a voz de Deus e a renovarmos a experiência de encontro com Ele”. “Para isso somos convidados a dirigirmo-nos ao deserto e a parar. Este convite pode parecer estranho se não for corretamente entendido. O deserto não significa uma fuga da realidade, nem dos problemas, ele não comporta um convite ao alheamento, pelo contrário, é um convite a olhar a realidade a partir dessa mesma Presença que a habita”, prossegue.
A nota sublinha, por outro lado o facto da mensagem para esta Quaresma do Papa fazer “um apelo tão claro à liberdade”, motivo que “a CNJP quer destacar, quando como país nos preparamos para celebrar o cinquentenário do 25 de abril, realidade configuradora da nossa atual identidade”. O texto assinala que “como se pode ler na mensagem, o chamamento para a liberdade constitui um vigoroso apelo que não se pode reduzir a um mero acontecimento, mas que se constrói e amadurece ao longo do caminho. Nesse sentido, esta Quaresma é, também para nós, um momento para olharmos o caminho percorrido ao longo destes 50 anos e de perspetivarmos o que queremos percorrer”.
E deixa algumas perguntas: “Que país construímos e que país queremos construir? Como cuidamos uns dos outros? Como promovemos o bem comum?”. “Parece-nos que estas e outras perguntas também não podem deixar de ser formuladas e respondidas se quisermos ser protagonistas da construção do mundo novo a que a mensagem nos convida”, defende a nota.
A CNJP termina a sua reflexão com uma alusão à necessidade de se manter a esperança, lembrando que “o Papa termina a sua mensagem com um apelo à esperança, também ela entendida como uma ação que antecipa e começa a fazer acontecer já hoje o futuro esperado”. “É a esta esperança que a CNJP também se associa, convidando todos à coragem e à ousadia de pensar e agir assim”, conclui.