Após o anúncio surpresa de Nicolás Maduro em antecipar o Natal para o dia 1 de outubro, a Conferência Episcopal Venezuelana (Cev) alerta que este feriado “não deve ser utilizado para fins propagandísticos ou políticos”.
Os bispos lembram que o Natal é um momento de reflexão, de paz e de amor e como tal deve ser respeitado.
“O Natal é uma celebração de caráter universal que celebra o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”, recordam, defendo que compete “apenas às autoridades eclesiásticas definir o modo e o tempo da celebração”.
Esta não é a primeira vez que Maduro recorre à antecipação do Natal. O Presidente da Venezuela usou este recurso em 2019, 2020 e 2021, numa tentativa de consolidar a sua base eleitoral.
Bispos denunciam campanha de “repressão e perseguição”
A Conferência Episcopal Venezuelana renova o apelo às autoridades da Venezuela para que mostrem os documentos eleitorais relativos às eleições presidenciais de 28 de julho, após a proclamação definitiva da vitória de Nicolás Maduro, resultado questionado pela maioria da comunidade internacional e por observadores independentes.
Segundo os bispos da Venezuela, desde 29 de julho “foi desencadeada uma campanha de repressão e perseguição que levou a milhares de presos, incluindo muitos menores, acusados de crimes gravíssimos sem o devido processo”.
“Particularmente preocupante é a perseguição a que estão sujeitas as testemunhas das mesas de voto, os comunicadores sociais, o candidato mais votado e os líderes da oposição, em clara contradição com os princípios da pluralidade política e da independência dos poderes”, assinalam.
Para os bispos venezuelanos “estes factos geraram um clima de mal-estar e ansiedade em grandes setores da população que não contribui de forma alguma para uma convivência saudável entre os cidadãos”.
“Pelo contrário, dificultam gravemente a superação, com a colaboração de todos, dos grandes problemas e necessidades que nos preocupam como nação”, sublinham.
Convidando ao respeito pela Constituição e pelas leis da República, os responsáveis católicos sublinham que “numa democracia é fundamental respeitar os direitos de todos, especialmente os dos menores e dos seus familiares”.