O presidente do Chega considerou hoje que os aumentos salariais propostos para a função pública "não salvaguardam" a subida da inflação e anunciou que o partido vai questionar o Governo se o valor vai "ser engolido" pelo IRS.
Em conferência de imprensa na Assembleia da República, o presidente do Chega anunciou que o partido vai enviar hoje uma questão por escrito ao Ministério das Finanças sobre os aumentos salariais para a função pública anunciados pelo Governo para Fernando Medina esclarecer se "estes aumentos vão ser engolidos pelo IRS".
"É isto que os trabalhadores querem saber. De que vale ganharem mais se ficarem com menos?", questionou André Ventura.
O Governo propôs esta segunda-feira aos sindicatos da administração pública aumentos salariais entre 8% e 2%, com garantia de um mínimo de cerca de 52 euros. .
Este novo mecanismo de atualização é plurianual, sendo válido até 2026, embora possam ocorrer algumas revisões a cada ano, consoante a realidade económica e financeira do país, disse a ministra da Presidência à Lusa.
André Ventura considerou que "em 2023 vai haver perda de poder de compra" e criticou que "estes aumentos não salvaguardam o nível de inflação previsto pelo Governo para o próximo ano".
E apontou que "o Governo introduz um critério plurianual, com um interesse próprio", considerando que o executivo "está a remeter para 2026 os aumentos mais significativos porque é ano de eleições".
"Isso é negativo na forma de fazer política", criticou.
Em 2022, a generalidade dos 740 mil funcionários públicos teve aumentos salariais de 0,9%, em linha com a inflação verificada em 2021, retirada a deflação.
A ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, disse na segunda-feira que há margem para melhorar a proposta de aumentos salariais da função pública, admitindo "pequenos acertos", mas destacou o esforço orçamental que o atual documento já contempla.
A proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2023 é entregue na próxima segunda-feira (10) na Assembleia da República.