O PS “não vai prescindir” de ter “uma palavra significativa a dizer nas políticas que o Orçamento consagra”, isto “se for para o viabilizar”. A líder parlamentar socialista, Alexandra Leitão, coloca assim as fichas na mesa sobre a possibilidade de a bancada que dirige vir a viabilizar o diploma do Governo.
Em declarações aos jornalistas em Belmonte, em Castelo Branco, distrito onde decorrem as jornadas parlamentares do PS, Alexandra Leitão definiu mesmo linhas vermelhas para começo de conversa com a AD. A redução anunciada do IRC e a medida sobre o IRS Jovem.
“Se a negociação vier totalmente fechada, a margem negocial vier fechada por medidas com as quais discordamos, como é o caso do IRC ou como é o caso do IRS dito jovem, isso torna-se mais difícil, mas cá estaremos para ver”, avisou Alexandra Leitão.
Uma posição que surge na linha do que o líder do PS vem dizendo, sendo que, na recente entrevista à RTP, Pedro Nuno Santos chegou mesmo a dizer que o partido "não pode ser ignorado" se o Governo da AD quiser ter o OE aprovado.
Os socialistas lamentam o anunciado “pacotão” de medidas do Governo para a economia, com a dirigente socialista a considerar que se tratam de medidas que “não chegam a todos, chegam muitas vezes àqueles que menos precisam, às grandes empresas que pagam o grande bolo do IRC, que não são as empresas que mais precisam de apoio do Estado”.
Alexandra Leitão anuncia desde já que quando a redução do IRC chegar ao Parlamento e for votado, terá o chumbo certo do PS. “Não é uma medida que votemos a favor, é aliás uma medida que, ao ser anunciada sem nenhuma negociação com o PS, demonstra bem aquilo que tem sido a posição do Governo e não dá bons sinais para o OE”.
Alexandra Leitão fala numa perda de receita de 1500 milhões de euros em relação à redução do IRC e questionada se esses números dificultam a apresentação de propostas para o OE, Alexandra Leitão responde que essa é uma “opção que o Governo tem que fazer” e que “tem de viabilizar” o diploma.
Questionada diretamente se os socialistas pretendem viabilizar o OE, Alexandra Leitão insiste que o PS “não é fator de instabilidade” e admite “sempre trabalhar e negociar”. Já sobre o calendário dessas negociações, se devem acontecer antes ou depois da apresentação do diploma do Governo, a dirigente socialista respondeu que “isso é antecipar um bocadinho as coisas”.