Os serviços de Urgência da grande maioria dos hospitais do Norte do país tem registado um aumento na afluência de doentes, que se queixam, sobretudo, de problemas respiratórios e muitos estão infetados com Covid-19.
Na terça-feira, o Hospital de São João, no Porto, admitiu 963 utentes nos serviços de urgência, tendo praticamente metade dos adultos testado positivo ao novo coronavírus: 46% de adultos com queixas respiratórias, segundo a unidade de saúde.
Na segunda-feira, o hospital bateu o recorde de admissões na Urgência, com 1.022 doentes a serem atendidos em 24 horas, dos quais 144 foram admitidos na área respiratória e 53 testaram positivo à Covid-19.
Em Matosinhos, o Hospital Pedro Hispano registou, na segunda-feira, o número recorde na afluência ao serviço de urgências. Foram atendidos 380 pacientes, quando a média habitual ronda os 230.
Segundo apurou a Renascença no périplo que fez, o aumento deve-se a casos positivos de Covid-19, sobretudo entre jovens.
O mesmo se passa no hospital de Viana do Castelo, que registou, na última sexta-feira, quase 3.500 casos positivos – mais 680 do que na semana anterior.
Já em Lisboa, o Hospital de Santa Maria não regista qualquer aumento pela procura das Urgências. Contactada pela Renascença, fonte do hospital refere que a procura está em linha com o mesmo período do ano passado, oscilando entre as 600 e 700 admissões por dia.
O cenário de normalidade foi igualmente verificado nas Urgências do Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra).
Na opinião do diretor do serviço de Doenças Infeciosas do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, o aumento dos casos de Covid-19 não se traduz, para já, num aumento de internamentos nem da gravidade dos casos, mas a pressão sobre as Urgências poderia ser reduzida com a reposição da gratuitidade dos testes.
“Tendo em conta que estamos a assistir a um aumento do número de casos, eu favoreceria de facto que se prolongasse por um pouco mais a gratuitidade dos testes, porque isso seguramente iria aliviar a pressão nos serviços de urgência e iria disponibilizar os recursos humanos que existem nesses serviços de Urgência para doentes que efetivamente tenham doença que justifique essa ida à Urgência”, afirma Fernando Maltez.
Os hospitais não estariam, assim, “a consumir esses recursos com doentes que, ao fim e ao cabo, vão apenas para realizar o teste e não têm sintomatologia nem patologia que justifique a dia à instituição”, acrescenta, em declarações à Renascença.