O ministro da Saúde admite que as reivindicações que levaram à greve nacional dos médicos são quase todas "muito legitimas" e quer estabelecer com os sindicatos um calendário negocial alargado até final da legislatura.
No segundo e último dia de greve de médicos, que se hoje se cumpre, o ministro Adalberto Campos Fernandes foi ao Jornal Nacional da TVI afirmar que o Governo está disponível para continuar a trabalhar já na próxima semana com os sindicatos.
O ministro assume que a esmagadora maioria das revindicações sindicais são legítimas, lembrando que nos últimos anos a Saúde foi um sector "muito fustigado".
Contudo, o governante indicou que "não é possível fazer tudo por todos ao mesmo tempo".
Adalberto Campos Fernandes afirmou que "há espaço em termos de faseamento no tempo" para acolher as propostas dos dois sindicatos que convocaram a paralisação, estimando que o calendário das negociações possa estar encerrado em Setembro.
O ministro enalteceu ainda a forma responsável como decorreu a greve dos médicos, que registou nos dois dias uma adesão a rondar os 90%, segundo os sindicatos.
Vários blocos operatórios continuaram encerrados hoje, nomeadamente nos grandes hospitais, como o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, Hospital de São João no Porto, Hospital de São José e de Santa Maria, em Lisboa ou Hospital de Ponta Delgada, de acordo com alguns exemplos dados pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
"Reafirmamos a vontade de retomar negociações. Estamos disponíveis a partir já de sexta-feira", disse à agência Lusa Roque da Cunha, secretário-geral do SIM, um dos dois sindicatos que convocou a greve nacional de médicos, a par com a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Limitação do trabalho suplementar a 150 horas anuais, em vez das atuais 200, imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência e diminuição do número de utentes por médico de família são algumas das reivindicações sindicais.
Os sindicatos também querem a reposição do pagamento de 100% das horas extra, que recebem desde 2012 com um corte de 50%. Exigem a reversão do pagamento dos 50% com retroactividade a Janeiro deste ano.