O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) refere que o Iémen se tornou “um inferno na terra” para as crianças, atingidas pela fome, e exorta as partes em conflito a cessarem as hostilidades.
"O Iémen é hoje um inferno na terra, não para 50% ou 60% das crianças, mas para cada menino e menina do Iémen”, declarou o diretor da UNICEF para o Médio Oriente e Norte de África, Geert Cappelaere, numa conferência de imprensa em Amã.
"Os números, na verdade, não dizem muito, mas são importantes porque nos mostram até que ponto a situação se tornou desastrosa", acrescentou.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também apelou na sexta-feira ao fim da "violência" para evitar que o país caia num "precipício".
A guerra no Iémen opõe as forças pró-governamentais e uma coligação liderada pela Arábia Saudita aos rebeldes Huti, apoiados pelo Irão, que em 2014 e 2015 tomaram vastas áreas do país, incluindo a capital, Sanaa.
O conflito já provocou a morte de quase 10 mil pessoas, a maioria civis, causando a pior crise humanitária do mundo.
Além dos casos de fome, a população sofre de doenças como a cólera.
"A cada 10 minutos, uma criança morre por causa de doenças que podem ser prevenidas", adiantou Cappelaere.
O mesmo responsável disse à agência noticiosa AFP na quinta-feira que 1,8 milhões de crianças com menos de cinco anos sofrem de "desnutrição aguda".
O conflito exacerbou "uma situação que já era má devido a anos de subdesenvolvimento" neste país pobre da região, referiu Cappelaere.
"Apelamos a todas as partes para que se encontrem no final deste mês sob os auspícios do enviado especial da ONU para um acordo de cessar-fogo", declarou hoje o responsável da UNICEF.
Cappelaere sublinhou que a situação é particularmente preocupante em Hodeida, uma cidade portuária controlada pelos rebeldes no oeste do país, que as forças pró-governamentais estão a tentar recuperar.
"O porto de Hodeida é um ponto vital para 70 a 80% da população iemenita [...], porque é apenas através de Hodeida que são feitas as entregas comerciais e humanitárias que nos permitem fornecer ajuda ao norte do país”, explicou.
"Com o assalto de Hodeida, não nos preocupa apenas a vida de centenas de milhares de crianças (na região), mas também o impacto que isso terá sobre as crianças no norte do país", acrescentou.