Os incêndios que afetam a região de Valparaíso, na costa central do Chile, fizeram 122 mortos, segundo o mais recente balanço das autoridades chilenas.
De acordo com as autoridades governamentais, há 165 incêndios ativos, que já destruíram casas que albergam mais de 40.000 pessoas.
O aumento no número de incêndios, afirmou o Governo, aponta para uma "manifesta intencionalidade" dos novos focos.
O Serviço Médico Legal (SML) do Chile publicou o novo número de mortos, mais dez do que o anterior balanço, e anunciou que nas próximas horas começará a entregar os corpos às famílias das vítimas.
Estão a ser recolhidas amostras de ADN junto das famílias. Até à data, apenas 32 corpos foram identificados e poderão ser entregues às respetivas famílias.
O subsecretário do Interior do governo chileno, Manuel Monsalve, afirmou que foram concentradas "todas as capacidades para retirar os corpos setor por setor".
"Estamos perante uma tragédia nacional. O presidente decretou luto nacional por dois dias, o que mostra a magnitude dos danos que infelizmente enfrentamos na região de Valparaíso", disse Monsalve, de acordo com o jornal chileno El Mercurio.
No entanto, sublinhou que as condições de controlo dos incêndios "melhoraram substancialmente".
"Hoje não há risco iminente para a vida das pessoas. É possível antecipar um eventual controlo dos incêndios nos próximos dias, mas eles ainda estão ativos e o trabalho continua. De acordo com os números atuais, há 165 incêndios no país, mais 11 do que no sábado, dos quais 40 ainda estão por controlar, 112 estão controlados e quatro foram extintos", sintetizou.
Entretanto, vários altos responsáveis civis e das forças de segurança apontaram para a intencionalidade dos incêndios e avisaram que irão perseguir os responsáveis.
O chefe da Defesa Nacional chilena, contra-almirante Daniel Muñoz, disse em declarações à estação de rádio chilena ADN que há indícios de que "houve um planeamento, algo orquestrado e organizado" e até mesmo um "padrão de comportamento".
Muñoz afirmou ainda que, em princípio, vai-se manter o recolher obrigatório noturno.
O diretor geral dos 'Carabineros', Ricardo Yáñez, também se referiu à intencionalidade dos novos focos de incêndio.
"Se apanharmos pessoas a cometer crimes, acreditem que as vamos prender. Serão entregues ao Ministério Público, se for o caso, porque é nosso dever e obrigação", disse Yáñez à Radio Bío Bío.
O governador de Valparaíso, Rodrigo Mundaca, destacou a "manifesta intencionalidade" dos responsáveis.
"São um bando de desgraçados e bandidos que vieram para destruir esta cidade", denunciou.
"O que estamos a promover hoje é chegar às causas profundas da catástrofe na região [...]. Esperamos que a justiça possa julgar os responsáveis ", frisou, acrescentando que os incêndios transformaram-se em homicídios".
"Perderam-se 10.000 hectares, o Jardim Botânico foi destruído, 122 pessoas perderam a vida e este número vai provavelmente continuar a aumentar", lamentou.