A maioria das crianças que vivem nas cadeias com as suas mães não estão a ser vacinadas de acordo com o plano nacional de vacinação.
O alerta deixado na Renascença pelo presidente da Associação de Apoio ao Recluso, na reação à denúncia feita no programa "Em Nome da Lei" sobre a falta de acompanhamento dos filhos dos detidos. A juiz conselheira Leonor Furtado alerta para a situação de risco em que essas crianças ficam quando são obrigadas a deixar o ambiente prisional para irem viver com a sua família, que na prática não conheceu. Tudo sem supervisão do Ministério Público ou da Segurança Social.
Vivem nas cadeias portugueses 27 crianças, entre os dois meses e os três anos, que estão junto das mães, detidas nos estabelecimentos prisionais de Tires e Santa Cruz do Bispo. Mas a lei só permite que possam ali viver até aos cinco anos.
Segundo Vítor Ilharco as crianças que estão em Santa Cruz do Bispo, mas principalmente em Tires, “têm problemas gravíssimos de acompanhamento” por parte da estrutura do sistema prisional.
O presidente da Associação de Apoio ao Recluso dá exemplos: “A maioria não é vacinada nos prazos indicados no plano nacional e temos conhecimento de crianças de um ano de vida que nunca foram vacinadas”.
Outra preocupação está relacionada com a alimentação destes menores “que é paupérrima e de má qualidade”.
“Na semana passada cinco crianças de Tires – bebés e recém-nascidos - foram para o hospital, devido a uma intoxicação alimentar, inclusive, uma teve de ficar internada”, conta.
Vítor Ilharco confessa que não sabe quanto gasta o Estado com a alimentação das crianças, mas exemplifica com a realidade dos reclusos: por cada uma das suas quatro refeições a verba é apenas de 80 cêntimos.