O Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo, diz que o país "contará com os militares" se vier a ser necessária uma nova "task force".
"Se houver necessidade de fazer uma 'task force' e essa 'task force' tiver de contar com os militares, naturalmente contará com os militares. Julgo que depois de todo o processo que aconteceu, já há conhecimento suficiente e estruturas para que o Ministério da Saúde conseguir fazer esse trabalho de forma capaz e eficiente", disse o chefe da Armada, à margem das comemorações do Dia da Marinha, em Faro, esta quinta-feira.
Gouveia e Melo abriu as comemorações devolvendo ao mar uma tartaruga que tinha sido encontrada em estado débil e reabilitada no Zoomarine sem deixar, depois, de abordar a atualidade para alertar para a evolução da Covid-19: "Estamos a entrar numa zona em que já não é uma epidemia tipo pandémica, mas uma doença de longo prazo. Uma endemia onde vamos ter ao longo do tempo flutuações para baixo e para cima."
Sobre a guerra na Ucrânia, o Chefe do Estado-Maior da Armada disse esperar um conflito demorado e recordou a queda do Muro de Berlim. "O conflito na Ucrânia vai definir uma nova era geopolítica e geoestratégica. Vai haver uma era após a invasão da Ucrânia, tal como houve uma era antes da queda do muro de Berlim e após a queda do muro."
"Havia uma tendência para uma globalização em que o liberalismo e a economia uniam e evitavam conflitos. Voltámos à geoestratégia antiga em que isso não foi suficiente para que não voltasse a haver um conflito num espaço tão importante como o espaço europeu", acrescentou o almirante.
O "almirante das vacinas" destaca, no quadro da guerra, a importância estratégica de Portugal: "A nossa importância geoestratégica foi reforçada com este conflito. Às vezes não entendemos é que essa importância está no mar e na nossa posição marítima. É isso que nos diferencia."
Questionado sobre o investimento militar em Portugal não quis deixar comentários porque diz tratar-se de um "assunto político".