O padre Tiago Neto, um dos responsáveis da equipa que elaborou o novo Itinerário da Iniciação à Vida Cristã, disse à Agência ECCLESIA que esta proposta da Igreja Católica quer apostar na descoberta da fé, desde cedo, em caminho com as famílias.
“Sentimos, naquilo que era o programa em vigor na catequese, que é um bloco que começa aos seis anos e acabam volta dos 15, mas que não tem mais nada; há dificuldade em termos acesso à catequese, por um lado, e às experiências que as pessoas trazem da sua infância e do início da sua vida, mas também àquilo que é pós-catequese”, refere à Agência ECCLESIA o responsável pela Catequese do Patriarcado de Lisboa.
O novo itinerário, dividido em quatro tempos, desde a descoberta da fé ao discipulado missionário que atinge a faixa dos 15/16 anos, pretende envolver mais as famílias no acompanhamento das crianças e adolescentes.
“Essencialmente, envolver tudo aquilo que é a comunidade catequética que podemos dizer que é uma proposta do itinerário que é dirigida para as famílias com as crianças adolescentes e dando um bocadinho também espaço para que se possa fazer esta ligação com o mundo juvenil”, sublinha o padre José Henrique, da Diocese de Leiria-Fátima.
O sacerdote, que também integrou a equipa de elaboração deste novo itinerário, afirma que a nova proposta “não está concentrada numa ação junto das crianças e adolescentes” mas na envolvência da comunidade, onde o grupo “é um ponto importante da caminhada”.
Já o padre Tiago Neto explica a proposta dirigida às crianças entre os três e seis anos, com espaço para os primeiros passos na fé, em ambiente familiar.
“Temos aqui naquilo que se chama o despertar da Fé uma proposta muito eclética no sentido de juntar várias dimensões, aquilo que é a família na vivência da fé, a relação da Família com a comunidade, particularmente valorizando aquilo que são datas importantes, como oportunidade de valorizar a vida da família para ler os acontecimentos a luz da Fé”, precisa.
Por exemplo a “celebração da data do batismo, a celebração do aniversário de matrimónio dos Pais e a celebração do aniversário de cada um é da família” podem ser momentos de vivência de fé, marcando esta faixa etária.
O acompanhamento e a maturação são dois pontos chave deste Itinerário para a Iniciação da Vida Cristã que, segundo o padre Tiago Neto, “não desliga o processo da Fé do ciclo vital da pessoa, em que a pessoa vai crescendo, mas tem etapas mais balizadas das experiências que pode fazer e das competências que pode adquirir”.
Outra das novidades deste Itinerário é a proposta da celebração dos sacramentos sem momento definido.
“A ideia é centralizar o processo catequético na pessoa e no seu caminho e nós sabemos que tem sido sempre assim não é por mais que nós façamos uma certa massificação aquilo que são os itinerários e daquilo são os percursos formativos, tanto a nível das crianças como até dos catequistas; e isso traz uma desorganização que é boa”, assume o sacerdote do Patriarcado de Lisboa.
O documento foi aprovado na última Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa e deverá chegar às comunidades em 2023.