O ex-presidente executivo da Portugal Telecom (PT), Zeinal Bava, disse esta quinta-feira no Parlamento que a elevada concentração de aplicações financeiras da operadora no Grupo Espírito Santo (GES) se devia à participação accionista detida pelo BES na PT.
"Em 2000 estabelecemos uma parceria estratégica com o Banco Espírito Santo (BES) e com a Caixa Geral de Depósitos (CGD). Nesse contexto, em situação de igualdade, seria normal que as equipas financeiras dessem primazia aos parceiros", afirmou o gestor durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES.
E realçou: "A relação da PT com o BES e a CGD era de confiança. O dinheiro investe-se nos bancos e a única decisão que havia [quando a PT recebeu o encaixe financeiro relativo à venda da sua posição na Vivo à espanhola Telefónica] era manter o dinheiro em instituições portuguesas ou no estrangeiro".
Segundo o responsável, enquanto a CGD manteve a sua posição accionista na PT (manteve uma participação qualificada até ao final de 2013), houve uma preocupação por parte da gestão da operadora em fazer aplicações quer no BES, quer no banco público.
"Enquanto tínhamos dois parceiros, as aplicações eram divididas 'salomonicamente' entre ambos", referiu.
"Ou deixávamos o dinheiro no sistema financeiro português ou metíamos lá fora. Na altura foi uma decisão consensualizada no conselho. Se havia mais investimento num do que no outro banco, é porque um nos dava mais remuneração do que o outro", frisou.
Zeinal Bava escusou-se a esclarecer se alguma vez recebeu directamente um pedido do BES ou de Ricardo Salgado para que a PT investisse em dívida do GES.
"Todos os investimentos nessas sociedades foram sempre honrados", salientou, referindo-se até à data da sua saída da liderança executiva da PT, em Junho de 2013.
"Melhores interesses" da PT "salvaguardados"
Zeinal Bava disse que a PT "em nenhum momento" faria investimentos no BES sem que os interesses da telefónica estivessem acautelados.
"Os melhores interesses da PT eram salvaguardados", fosse em investimentos no BES ou na Caixa Geral de Depósitos (CGD), asseverou Zeinal Bava na comissão de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).
O gestor, que se apresentou na comissão de inquérito sem fazer uma declaração inicial, respondia a perguntas do deputado do PCP Bruno Dias e referia-se a uma parceria no início dos anos 2000 envolvendo o BES e a CGD.
"A equipa financeira da PT é muito qualificada e experiente e sempre procurou garantir que os interesses da empresa fossem salvaguardados", vincou Zeinal Bava, que está a ser ouvido desde cerca das 16h00.
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