O secretário-geral do PSD, Rui Rio, disse, este sábado no fórum autárquico do partido em Faro, que "o Governo merece um aviso [nas autárquicas] de que o povo não está contente". As palavras mais repetidas por Rio para se referir ao Governo foram três: facilitismo, irresponsabilidade e clientelismo.
Em relação às autárquicas, o líder social-democrata afirma que nestas eleições, o eleitorado vota primeiro nas pessoas e só depois nas ideias. "Não se iludam que é ao contrário", referiu.
Ainda assim, afirmou que o Governo merece ser avaliado, e para Rio não pode ter nota positiva. O secretário-geral do PSD pediu ainda uma leitura nacional dos resultados, que espera que sejam uma punição da governação socialista dos últimos anos.
Em relação aos resultados a 26 de setembro, Rio disse estar confiante de que "vamos eleger muitos mais autarcas do que os que temos neste momento".
Autarquias 10- Poder Central 0
Antes, o presidente do PSD fez enormes elogios ao poder autárquico, que na sua opnião mudou o país desde a década de 1970. " O poder local dá 10-0 ao poder central, tal é a dedicação dos autarcas às populações", defendeu.
Para Rio fê-lo de forma especialmente eficaz. E deu o exemplo da dívida pública para reforçar a ideia. O secretário-geral do PSD disse que se a dívida pública é de 137% do PIB, sem as autarquias seria de 135%. Por isso, concluiu: "O poder autárquico conseguiu fazer mais com um endividamento reduzido".
De seguida, Rui Rio deu aos candidatos do PSD a receita para ter orgulho no trabalho realizado. Mas que resslavou não ajudar a ganhar eleições. A primeira é a "capacidade de defenir os estrangulamentos do desenvolvimento do nosso concelho, não podemos dizer que sim a tudo". "Uma, duas, três prioridades no máximo", explicou.
Câmara também é uma empresa
Rio disse que os autarcas "têm de ser firmes na estratégia mais correta do desenvolvimento do nosso concelho". "Se resolvermos os estrangulamentos principias, o resto quase se resolve por si", argumentou.
O segundo mandamento, segundo Rio, é o de não poder "esquecer a vertente da gestão". "O presidente da Câmara é líder no sentido político, mas é também o presidente do conselho de administração da empresa que é a câmara", resumiu.
Seguiu-se a lista de criticas que Rui Rio afirma serem a razão para que os portugueses dêem um sinal negativo ao Governo a 26 de setembro, nas eleições autárquicos. Para o social-democrata, "apoiar as empresas devia ser a prioridade".
Mas não é isso que está a acontecer, diz Rio: "O que ouvimos a OCDE dizer é que Portugal é o pior país no apoio ás empresas. O que Governo está a fazer é o contrário. Não falta dinheiro para as grandes empresas, falta é para as pequenas e médias empresas que são as que criam emprego".
O mesmo Rui Rio voltou a criticar os milhões gastos na TAP, acusou o Governo de ajudar a EDP a não pagar os impostos devidos, e disse que o Novo Banco vendeu de imóveis e que lhe foi entregue dinheiro "sem perceber se as perdas do banco eram lícitas".
Depois Rio aludiu ao advogado do ex-presidente do Benfica Luís Filipe Vieiria, que disse "que ele tinha 90 milhões em património no Brasil, e o Governo não foi ver se esse dinheiro poderia servir para cobrir as dividas ao Novo Banco". Conclusão do presidente do PSD: "O Governo é irresponsável".
O tema seguinte foi o do novo presidente do Banco do Fomento, Vítor Fernandes. Rio disse que este pretenceu ao Conselho de Administração da CGD "no pior período", e teve também no "pior período do BCP".
Rio diz que o Banco de Portugal disse que Fernandes "é idóneo", "mas nós devemos perguntar qual o conceito de idoneidade" para um gestor bancário em Portugal.
"Gostávamos de saber se o Banco de Fomento vai para a frente com gente capaz?", perguntou Rio.
Em relação aos números do desemprego que o PS diz estar melhor, o líder do PSD afirma que isso só acontece porque estão a ser abertas "as portas ao funcionalismo público".
Por fim, e em relação às críticas reiteradas de António Costa "de que o PSD não tem ideias", Rui Rio afirma agora perceber a razão pela qual o primeiro-ministro disse, em entrevista ao Expresso, que só levava livros de ficção para as férias.
"Quando fala do país sabemos que ele só gosta de ler livros de ficção, e quando diz que o PSD não tem ideias percebemos que lê livros de ficção e não o que devia ler", rematou.