Os números foram revelados pelo “Projeto Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional das Migrações (OIM)” e mostram que 2023 se tornou no ano mais mortal já registado. Eugénia Quaresma, da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM), afirma que são números que “envergonham e entristecem a humanidade”.
“Estes números entristecem-nos e envergonham a nossa humanidade. Primeiro porque quem arrisca a vida nestas travessias arrisca um futuro. Envergonha-nos a incapacidade de alguns países em promover o desenvolvimento e erradicar a pobreza. E depois este projeto Migrantes Desaparecidos é uma voz que reforça a necessidade de levar a sério o Pacto Global para as Migrações e rever as políticas de cooperação para o desenvolvimento. É urgente trabalharmos estas questões das Migrações em conjunto”, sublinha a responsável.
A diretora da OCPM entende que os países não levam a sério a necessidade de um Pacto Global das Migrações e assinala como evidente estarmos perante uma Europa dividida nesta questão. “Quando o Pacto Global das Migrações não é vinculativo, quando há uma dificuldade em nos colocarmos no lugar do outro, sim, temos, sem sombra de dúvidas, uma Europa dividida. Nesta matéria, temos países noutras partes do mundo que não têm esta visão integrada, nem esta política integrada das migrações”, reforça. Para Eugénia Quaresma “o Pacto Global para as Migrações é um documento e é uma proposta para trabalharmos as migrações a nível planetário”. “E tem que haver um diálogo muito sério, sem partidarismos”, acrescenta.
De acordo com o Projeto Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações (OIM), a travessia do Mediterrâneo continua a ser a rota mais mortal para migrantes, com pelo menos 3.129 mortos e desaparecidos.
O número de mortos em 2023 representa um aumento de 20% em relação a 2022, adianta a organização, sublinhando, em comunicado, a "necessidade urgente de medidas para evitar mais perdas de vidas".