A existência de um excesso de mortalidade em Portugal “é uma das consequências do estado de isolamento em que o país e o mundo entrou”, afirma Fernando Medina na Renascença, comentando o estudo publicado esta semana na revista da Ordem dos Médicos.
“Da Ásia para a Europa, a explosão da pandemia foi mostrando que, não controlada, simplesmente rebentava com todos os sistemas de saúde. A grande razão, aliás, desta técnica do confinamento total só teve um objetivo, que era proteger os sistemas de saúde”, começa por sublinhar o presidente da Câmara de Lisboa.
“Se ela tivesse ficado sem controlo, o que teríamos tido era os sistemas de saúde em colapso total. Para a Covid e para qualquer outra eventualidade”, defende.
Admitindo que nunca foi “um entusiasta de um confinamento tão vasto no início”, Fernando Medina admite agora que “ele tinha de ser imposto naquele momento”, sendo que “agora estamos a entrar numa nova fase”.
João Taborda da Gama, que partilha este espaço de debate às terças e quintas-feiras no programa As Três da Manhã, mostra-se insatisfeito com os números revelados estudo e pede uma “análise mais fina”.
“Acho que é preciso analisar a fundo a que se devem estas mortes não reportadas, perceber as que são relacionadas diretamente com a Covid e incluir isso nos números – como outros países começaram a fazer – e daquelas que não são incluídas na Covid perceber muito bem porque é que elas ocorreram”, defende.
Taborda da Gama aponta, por exemplo, “aquelas pessoas que foram aos hospitais e que foram mandadas embora por causa da Covid, aquelas que foram mandadas mais cedo para casa depois de procedimentos cirúrgicos e outros e aquelas que estiveram nos hospitais, mas não tiveram a atenção que teriam tido noutras circunstâncias”.
Percebendo-se “porque é que aconteceu”, é necessário então “tomar medidas para que isso não se repita”.
“Porque se há algum grau de compreensão sobre uma epidemia que começa, não podemos correr o risco de, nos próximos surtos da epidemia ou prolongando-se esta situação, pessoas continuarem a morrer por danos colaterais da epidemia”, destaca.
Fernando Medina concorda com a aprendizagem que se deve retirar daqui e aponta como tal também a “segregação física” nos hospitais, que “vai ter de se manter”.