Resíduos radioactivos do acidente com a central nuclear de Fukushima, no Japão, foram descobertos em areia e água subterrânea de praias a quase cem quilómetros de distância da instalação afectada pelo terramoto de 2011, revela um estudo publicado esta terça-feira.
Césio radioactivo libertado durante o desastre na central, atingida pelo maremoto provocado pelo abalo de terra, concentrou-se nas areias e tem estado a escorrer para o oceano.
Nas semanas a seguir ao desastre, que ocorreu a 11 de Março de 2011, césio 157 foi levado pelas correntes marinhas e acumulou-se na costa, onde se manteve agarrado à areia na mistura subterrânea de água doce com salgada.
Marés recentes soltaram aquele elemento radioactivo, que rodeado de água salgada deixa de estar agarrado à areia.
"Não era esperado que os níveis mais elevados de césio na água do mar fossem encontradas a muitos quilómetros de distância, em vez de no porto da central de Fukushima", afirmou Virginie Sanial, uma das autoras do estudo publicado no boletim da Academia Nacional das Ciências norte-americana.
Com metade dos 440 reactores nucleares no mundo localizados em zonas costeiras, esta fonte de contaminação radioativa persistente "precisa de ser tida em conta no controlo de centrais e em cenários de acidentes futuros", afirmam os autores do estudo.