Trump está atrás de Biden, mas diz "não estar a perder". "Porque são sondagens falsas!"
19-07-2020 - 17:06

“Biden é incapaz de alinhar duas frases seguida. Não está qualificado para ser Presidente", atacou Donald Trump.

O Presidente republicano norte-americano, Donald Trump, desvalorizou novamente, numa entrevista ao canal Fox News, uma sondagem recente das eleições presidenciais, que o mostra em dificuldades crescentes perante o rival democrata, Joe Biden.

“Antes de mais nada, não estou a perder, porque são sondagens falsas", disse o político milionário sobre uma sondagem que mostra Biden com um avanço de oito pontos percentuais, com 49% contra 41% de Trump.

“Biden é incapaz de alinhar duas frases seguidas”, atacou de seguida o Presidente norte-americano, que quando foi questionado se considerava o oponente “senil” não foi tão longe.

“Não quero dizer isso, eu diria que ele não está qualificado para ser Presidente. Para ser Presidente tem de ser perspicaz, sólido e muitas outras coisas. Ele nem sequer sai da sua cave”, criticou Trump.

O Presidente norte-americano referia-se assim ao facto de Joe Biden, de 77 anos, passar a maior parte do tempo isolado na sua residência no Estado de Delaware, lutando para dar um impulso mediático na campanha para a Casa Branca.

Trump recusou também dar crédito a uma sondagem da Fox News na qual os inquiridos o consideraram menos “competente” que o rival democrata. Além disso, sugeriu que esse assunto poderia ser resolvido com um teste de inteligência QI imposto aos dois candidatos na casa dos 70 anos.

“Vamos fazer um teste. Fazemos o teste agora. Vamos sentar-nos, eu e o Joe, e fazer um teste” disse o líder republicano, que vai enfrentar o ex-vice-presidente de Barack Obama nas eleições de 3 de novembro.

Outra sondagem divulgada no domingo pelo canal ABC e pelo jornal The Washington Post mostra que a liderança de Joe Biden sobre Donald Trump nas intenções de voto é ainda mais clara, com 55% contra 40%.

Trump continua a pagar caro a má administração da crise do covid-19 nos Estados Unidos, com uma taxa de aprovação de políticas gerais a cair para 39% e com 57% de reprovação.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (140.120) e mais casos de infeção confirmados (mais de 3,7 milhões).

Trump recusa comprometer-se em aceitar resultados das eleições caso perca

O Presidente dos Estados Unidos recusou hoje a comprometer-se publicamente em aceitar os resultados das eleições à Casa Branca, em caso de derrota, e descartou as sondagens que dão vantagem ao candidato democrata, Joe Biden.

“Tenho de ver… Tenho de ver. Não vou dizer apenas que sim. Não vou dizer que não e também não o fiz da última vez”, afirmou Trump durante uma longa entrevista ao canal Fox News, enquanto a campanha de Biden respondeu que “o povo norte-americano vai decidir esta eleição e o governo dos EUA é perfeitamente capaz de escoltar invasores para fora da Casa Branca”.

Trump criticou ainda os dirigentes do Pentágono por estarem a favor de renomear bases militares que honram líderes militares da confederação – um impulso à mudança empurrado pelo debate nacional sobre o racismo depois da morte de George Floyd -, com o Presidente a afirmar que não quer “saber do que o os militares dizem”.

O Presidente continuou a toada crítica ao descrever o diretor do instituto de doenças infecciosas no país, Anthony Fauci, como “um pouco alarmista” acerca da pandemia da covid-19, e manteve o que havia dito em fevereiro, de que “o vírus vai desaparecer”.

“Eu estarei certo no final”, disse, numa altura em que os Estados Unidos são o país mais afetado pela doença em todo o mundo, com mais de 140 mil mortes e 3,7 milhões de infeções confirmadas.

Durante a entrevista, Trump estava particularmente combativo com o moderador da Fox News Chris Wallace na defesa à resposta da Administração à pandemia, falando sobre o movimento Black Lives Matter (“Vidas Negras Importam”) e tentando retratar Biden como desprovido de capacidade mental para servir como presidente.

Entre os tópicos discutidos estava a pressão para mudanças generalizadas que varreram a nação, com o Presidente a dizer que entende o porquê de os afro-americanos estarem chateados sobre o uso desproporcional de força que a polícia exerce contra eles.

“Claro que sim, claro que percebo”, afirmou, acrescentado a expressão habitual de que “os brancos também são mortos”.

Além disso, disse ainda que não estava “ofendido pelo movimento Black Lives Matter”, mas ao mesmo tempo defendeu a bandeira da confederação, um símbolo de racismo no passado, e descreveu que “orgulhosamente têm as bandeiras da confederação não estão a falar sobre racismo”.

“Eles amam as bandeiras, elas representam o Sul e eles gostam do Sul. Isso é liberdade de expressão. E toda aquela coisa da ‘cultura de cancelamento’, não podemos cancelar a nossa história. Não podemos esquecer que o norte e o sul lutaram entre si. Temos de nos lembrar disso, senão vamos acabar por lutar novamente. Não podemos cancelar tudo”, apontou.

Trump defendeu também a sua promessa de vetar uma lei da Defesa de 740 mil milhões de dólares (650 mil milhões de euros) por causa do requerimento para que o Departamento da Defesa mude os nomes de bases que tenham nomes de líderes militares da confederação. Essa lista inclui o Forte Bragg, na Carolina do Norte, Forte Hood, no Texas, e o Forte Benning, na Georgia.

O Presidente argumentou que não havia alternativas viáveis, mesmo que o governo tentasse.

“Vamos dar o nome do reverendo Al Sharpton? Como é que o vamos chamar”, questionou Trump, referindo-se ao proeminente líder dos direitos civis.