A atividade sísmica na ilha de São Jorge, nos Açores, "continua acima do normal" e nas últimas horas "foram sentidos 11 sismos", informou hoje o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).
Num comunicado, para ponto da situação às 10h00 locais (11h00 em Lisboa), o CIVISA adianta que atividade sísmica que se tem vindo a registar desde as 16h05 locais de sábado "na parte central da ilha de São Jorge", num setor compreendido "entre Velas e Fajã do Ouvidor, continua acima do normal".
"O sismo mais energético ocorreu no dia 19 de março, às 18h41 local" (19h41 em Lisboa) e teve "magnitude 3,3 na escala de Richter", lê-se no comunicado.
O CIVISA refere ainda que "vários sismos têm sido sentidos pela população".
Entre as 22h00 locais de quarta-feira e as 10h00 locais de hoje "foram sentidos 11 sismos", revela ainda o CIVISA, referindo que "continua a acompanhar o evoluir da situação".
À Renascença, Alexandra Albernaz, residente em Velas, conta que esta madrugada sentiu um sismo diferente de todos os outros.
"Às 06h40 da manhã, houve um abanão bem grande. O sismo mais intenso, até agora, marcava no IPMA 3,5. Foi um sismo diferente; nos outros nós sentimos pela lateral, este foi a baixíssima, parecia uma ondulação, portanto. E foi bastante forte, comparativamente aos outros todos que temos sentido até agora. Este foi diferente, nunca tinha sentido, ainda, um deste tipo de movimentação. E foi mesmo aqui ao lado das Velas", conta a habitante.
Os planos de emergência municipais dos dois concelhos de São Jorge, Calheta e Velas, também já foram ativados.
"Tenho visto a movimentação, por exemplo, de contentores de mantimentos para outro concelho. Já passei por alguns camiões e carrinhas com mantimentos e colchões, para nos assegurar que, realmente, há condições para receber as pessoas", descreve Alexandra.
De acordo com a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excecionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).
A escala de Mercalli modificada, segundo o site do IPMA, divide-se em doze categorias: I - impercetível, II - muito fraco, III - fraco, IV - moderado, V - forte, VI - bastante forte, VII - muito forte, VIII - ruinoso, IX - desastroso, X - destruidor, XI - catastrófico, XII - danos quase totais.
Na quarta-feira, o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) elevou o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge para V4 (de um total de cinco), o que significa "possibilidade real de erupção".
"Hoje, às 15h30 [16h30 em Lisboa], foi comunicada a subida para o nível V4 de alerta vulcânico, o que significa possibilidade real de erupção", afirmou na quarta-feira o secretário regional da Saúde dos Açores, Clélio Meneses, que tutela a Proteção Civil, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
Perante este cenário, o executivo açoriano recomendou à população com maiores vulnerabilidades da principal zona afetada na ilha de São Jorge que abandone as suas casas.
"O que se aconselha às pessoas que vivem entre as Velas e a Fajã das Almas é que façam uma deslocação das suas residências, sobretudo pessoas com mobilidade reduzida, pessoas dependentes de terceiros para as suas atividades básicas, pessoas residentes em edifícios sem garantias de segurança antissísmica e residentes em zonas próximas de vertentes ou falésias de particular perigosidade de deslizamento ou desabamento, como são as fajãs", afirmou o governante na altura.
Também na quarta-feira a Proteção Civil dos Açores ativou o Plano Regional de Emergência devido à elevada atividade sísmica que se regista em São Jorge desde sábado.
Esta manhã o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, desloca-se a São Jorge para acompanhar as operações em curso por parte da Proteção Civil.