O candidato do PSD à Câmara do Porto, Vladimiro Feliz, acusou esta quarta-feira o presidente da autarquia, Rui Moreira, de "aldrabar" os portuenses com truques "fracos de ilusionismo" ao congratular-se com os dados dos Censos 2021.
"Rui Moreira continua com truques fracos de ilusionismo a tentar aldrabar os portuenses na sua fuga para a frente", afirma o social-democrata citado numa nota de imprensa.
Candidato independente às eleições autárquicas, Rui Moreira congratulou-se esta quarta-feira com o aumento de população na cidade desde que assumiu a autarquia em 2013, ainda que segundo os Censos 2021 o município tenha perdido 2,4% dos residentes em 10 anos.
Num comunicado que reproduz a reação de Vladimiro Feliz na rede social Facebook, o candidato do PSD contraria a análise feita por Rui Moreira, sublinhando que os dados são factuais.
"É factual e facilmente comprovável, através dos insuspeitos e oficiais CENSOS, que o Porto não só não ganhou habitantes como até os perdeu. Temos mais pessoas a viver em menos casas. -3,4% de alojamentos, -9,3% de edifícios, -2,4% de habitantes e apenas 1,4% de agregados", apontou.
Para o social-democrata os dados preliminares dos Censos 2021 retratam um Porto a "empobrecer", com menos "edifícios" e "alojamentos" e menos população, "onde apenas crescem os agregados porque diminuiu a capacidade de autonomia financeira das famílias".
"Mais uma vez se nota algo simples: os portuenses elegeram um presidente, mas saiu-lhes um malabarista. No fim do dia, como de costume, não irá admitir a manipulação grosseira dos números e ainda dirá que a culpa é de Lisboa.", declarou.
Vladimiro Feliz considera que na análise que fez dos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), Rui Moreira compara o incomparável "e manda a boa matemática que assim não seja!".
"Misturar fontes e factos com estimativas revela bem a falta de respeito intelectual pelos Portuenses! Comigo poderão contar com verdade e transparência!", rematou.
Numa conferência de imprensa convocada para o início da tarde para reagir aos dados preliminares dos Censos 2021, revelados esta quarta-feira, o presidente da Câmara do Porto, afirmou que a recuperação de população que diz ter se ter verificado desde que assumiu a autarquia em 2013, "resulta do rejuvenescimento da cidade do Porto, fruto das atividades económicas e muito daquilo que tem sido uma revitalização na cidade do Porto".
Segundo os resultados divulgados pelo INE, em 2013, data em que Rui Moreira assumiu a autarquia portuense, a cidade do Porto tinha 222.252 habitantes e em 2021 tem 231.962. Nos Censos de 2011 o Porto tinha 237.591 residentes, mais 5.629 habitantes do que atualmente.
"Depois de uma queda abrupta que começou em 1981, que começou a atenuar no início da década de 2011, a verdade é que nós neste momento estamos numa curva ascendente, portanto estamos a recuperar população", analisou o autarca.
Analisados os dados, para Moreira, a avaliação que era feita, de que a cidade estava a perder dezenas de milhares de pessoas, não corresponde à realidade.
Pelo contrário, o autarca considera que "há, de facto, um rejuvenescimento da cidade, não só parece ser claro por aqui que não só conseguimos fixar população, como também conseguimos compensar as saídas com entradas", concluiu.
A Área Metropolitana do Porto (AMP), composta por 17 municípios, perdeu 22.129 habitantes na última década, sobretudo em Vale de Cambra, Arouca e Santo Tirso, segundo os dados preliminares dos Censos 2021, divulgados esta quarta-feira.
De acordo com os resultados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE), os 17 municípios têm 1.737.395 residentes, face aos 1.759.524 (menos 1,3%), registados em 2011, com 12 dos concelhos a perderem residentes.
Em Vale de Cambra residem 21.279 pessoas, quando em 2011 tinha 22.864 habitantes, sendo o município da AMP que, em proporção, mais população perdeu (-6,9%) na última década, seguido de Arouca que passou de 22.359 habitantes em 2011 para 21.154 (-5,4%) este ano, e de Santo Tirso que tem menos 5,2% de população: 67.785 residentes em 2021 face aos 71.530 em 2011.
Porto, Maia, Espinho, Gondomar, Matosinhos, Oliveira de Azeméis, Paredes, Santa Maria da Feira, Trofa são os outros nove municípios da AMP que observaram uma diminuição na população na última década, que varia entre os -0,3% registados na Maia e os -3,5% verificados em Oliveira de Azeméis.
O Porto perdeu 2,4% da população: passou de 237.591 residentes em 2011 para 231.962 em 2021, o que representa uma diminuição de 5.629 habitantes.