A Província Portuguesa da Companhia de Jesus (PPCJ) vai criar o Serviço de Escuta para “acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais cometidos nas suas instituições em Portugal, seja por jesuítas, colaboradores, funcionários ou voluntários, independentemente da data dos factos”, informa o portal dos jesuítas.
“Com este serviço, pretende-se atender às necessidades de cada uma das possíveis vítimas, minimizar o seu sofrimento e procurar reparar, de algum modo, o mal que sofreram, na certeza de que não há nada que apague a dor causada por um abuso sexual”, pode ler-se.
Segundo a informação disponibilizada, todos os casos relatados ao Serviço de Escuta serão analisados e tratados, desencadeando os processos que se afigurem necessários e adequados, seja no foro civil ou canónico.
A iniciativa dos jesuítas portugueses surge na sequência do desejo da Igreja Católica de colocar as vítimas no centro da sua atuação, em matéria de abusos sexuais e de curar as suas feridas, na medida em que isso seja possível.
“Vivemos um contexto internacional, onde o drama dos abusos sexuais cometidos no seio da Igreja continua a marcar a agenda mediática e a suscitar desconfiança e perplexidade, dentro e fora dos meios eclesiais. Queremos participar neste desejo sincero da Igreja de cuidar de cada pessoa ferida por este flagelo, na certeza de que o passo que agora damos é necessário e inadiável”, escreve provincial, padre Miguel Almeida.
O Serviço de Escuta estará em funcionamento a partir do dia 18 de novembro, Dia Europeu da Proteção das Crianças contra a exploração e o abuso sexual.
Segundo os jesuítas, a equipa é constituída por pessoas com formação específica que ajudarão a identificar as necessidades de cada possível vítima e a encontrar as respostas mais adequadas, seja ao nível psicológico, espiritual, ou outro.
“As vítimas serão acompanhadas pelo Serviço de Escuta, através de pessoas vocacionadas e formadas para esta missão, ao longo dos processos que estejam ou possam vir a viver (psicológico, canónico, judicial – civil/criminal), na sequência da denúncia”, esclarece o padre provincial.
“A criação do Serviço de Escuta conta também com o apoio de um grupo consultivo, composto por pessoas internas e externas à Companhia, com competências em áreas distintas de intervenção, que ajudarão a Província Portuguesa da Companhia de Jesus a concebê-lo e implementá-lo de acordo com as melhores práticas e o objetivo da sua missão”, pode ler-se na informação disponibilizada.
O contacto com o Serviço de Escuta pode ser feito diretamente por email (escutar@jesuitas.pt) ou por carta (morada: Estrada da Torre 26, 1750-296 Lisboa), telefone (de segunda a sexta-feira, entre as 9h30 e as 18h, através do número 217543085), ou presencialmente, junto da coordenação do Sistema de Proteção e Cuidado, que dispõe de uma equipa a quem caberá receber e escutar a vítima.