O ministro da Saúde anunciou esta sexta-feira que pretende aumentar a quota de medicamentos genéricos para 60% até ao final da legislatura e, com essa medida, libertar verbas para pagar a inovação terapêutica.
Para o ministro Adalberto Campos Fernandes, trata-se de “uma questão de escolhas”. “Com o mesmo dinheiro iremos tentar fazer, com a ajuda dos parceiros do sector, coisas diferentes”, declarou, no final da assinatura de um compromisso para a sustentabilidade com parceiros do sector.
O governante garantiu que o seu ministério vai ter "um controlo da despesa na área do medicamento equivalente à do ano passado", contando para isso com a compreensão dos parceiros sociais.
Este compromisso para o triénio 2016-18 foi assinado esta sexta-feira entre o Governo, a Associação Portuguesa da Indústria farmacêutica (Apifarma), a Associação Portuguesa dos Medicamentos Genéricos e Biossimilares (Apogen)), a Associação de Grossistas de Produtos Químicos e Farmacêuticos Groquifar), a Associação Nacional de Importadores/Armazenistas e Retalhistas de Produtos Químicos e Farmacêuticos (Norquifar), a Associação Nacional das Farmácias (ANF).
Segundo estes parceiros, "garante previsibilidade na despesa e estabilidade aos agentes do sector, reunindo um leque alargado de consensos com vista à sustentabilidade e ao desenvolvimento do Serviço Nacional da Saúde (SNS), respondendo às necessidades dos profissionais de saúde e cidadãos".
Assinaram ainda a Associação das Farmácias de Portugal (AFP) e a Associação Portuguesa das Empresas dos Dispositivos Médicos (Apormed).
ANF diz que farmácias recebem 7,30 euros por cada mil que vendem
O presidente da ANF recordou esta sexta-feira o número de farmácias em situação de dificuldade, que subiu mais de 10% em 2014. Segundo Paulo Duarte, uma farmácia recebe actualmente 7,30 euros por cada mil euros que vende, e isto depois do despedimento de 700 pessoas no sector.
"A viabilidade económica e a recuperação do sector estão hoje longe de ser resolvidos", disse.
Também o presidente da Apifarma, João Almeida Lopes, recordou os últimos anos que "ficaram marcados por cortes excessivos na área da saúde, naquilo que a sociedade mais preza, a saúde dos seus cidadãos".
"Importa virar a página e olhar a saúde como algo muito relevante e que nos traz também benefícios na área económica", afirmou. João Almeida Lopes acredita que, "pela primeira vez nos últimos anos", está a ser virada "a página dos cortes cegos na saúde".