Depois de dizer que não o iria fazer, o primeiro-ministro britânico acabou por cumprir a lei e mandou para Bruxelas o pedido de adiamento do Brexit. Contudo, decidiu não assinar o documento.
É um gesto simbólico da sua parte para mostrar oposição ao adiamento – recorde-se que Johnson tinha dito que se atiraria para a valeta se tivesse de pedir aos líderes europeus para voltar a adiar a saída do Reino Unido.
Segundo fontes europeias, na verdade seguiram três cartas para Bruxelas: uma a pedir o adiamento, outra a dizer que a iniciativa é do Parlamento e não do Governo britânico e uma terceira em que o primeiro-ministro pede que a União Europa não aceite o pedido.
“Deixei muito claro, desde que me tornei primeiro-ministro, e hoje outra vez, a minha posição de que mais um adiamento irá prejudicar os interesses do Reino Unido e dos nossos parceiros europeus, bem como a relação com a União Europeia”, refere na terceira carta, que assina.
Mas, afinal, o que pediu Boris Johnson? Um adiamento de três meses, estendendo o período de negociação a 31 de janeiro de 2020.
Entretanto, Boris Johnson garante que não vai negociar o adiamento e marcou uma nova votação do acordo para a próxima semana.
Do lado da União Europeia, o presidente do Conselho já confirmou ter recebido a carta e diz que vai agora falar com os líderes europeus.
A resposta europeia pode demorar ainda alguns dias. Neste domingo, estará a ser “cozinhada” pelos representantes permanente dos países junto da União Europeia e depois deverá ser convocado um Conselho Europeu extraordinário para fixar uma posição comum.
Tendo em conta a confusão em que está todo o processo do Brexit, não deverão ser as instituições europeias a criar mais, pelo que a resposta deverá ser positiva. A União Europeia não deverá, contudo, ir além do acordo já negociado e aprovado no dia 17 de outubro.
“Vamos sair no dia 31”
O Brexit vai acontecer no dia 31 de outubro, garante o ministro Michael Gove, apesar da votação de sábado no Parlamento e da(s) carta(s) enviadas a Bruxelas.
“Vamos sair no dia 31 de outubro. Temos os meios e a capacidade para o fazer”, garantiu este domingo o ministro responsável pelas preparações do Brexit.
“A carta foi enviada porque o Parlamento assim o requereu, mas o Parlamento não pode alterar o que vai na cabeça do primeiro-ministro, não pode mudar a política do Governo ou a sua determinação”, destacou ainda em entrevista à Sky News.