As tribos indígenas da Amazónia brasileira estão em risco de ser “aniquiladas” por madeireiros ilegais, rancheiros e mineiros que querem as suas terras, denuncia a Survival International. Um verdadeiro "genocídio", classifica a organização que defende os direitos humanos das populações indígenas e tribos perdidas.
Existem no Brasil mais de uma centena de tribos com pouco ou nenhum contacto com o mundo exterior. O número é calculado pelo Governo brasileiro, com base em imagens de satélite e entrevistas a outros grupos indígenas da região.
O direito destas tribos à terra está consagrado na Constituição brasileira, mas a lei fundamental não está a ser cumprida.
“Os povos indígenas querem proteger a terra, mas não têm poder de fogo para se defender dos madeireiros ilegais ou capangas armados contratados pelos rancheiros”, alerta Fiona Watson, activista da Survival International, citada pela Reuters.
“Para as tribos isoladas, a aniquilação significa a destruição da sua terra e forma de vida. O genocídio das tribos isoladas está em curso”, afirma a activista.
A Survival International teme que a actual situação de instabilidade política no Brasil, com o processo de destituição da Presidente Dilma Rousseff, possa ser aproveitada pelos empresários sem escrúpulos e agravar ainda mais o problema dos indígenas.
Na contagem decrescente para os Jogos Olímpicos deste Verão no Rio de Janeiro, os activistas exigem que o Governo aplique a Constituição e proteja os direitos dos indígenas à terra.
Os índios representam menos de 1% da população brasileira, de mais de 200 milhões de pessoas, mas são desproporcionalmente mais atingidos pela pobreza e malnutrição, indica a ONU
De acordo com a Survival International, a situação é especialmente difícil para tribos isoladas, como os Kawahiva, que estão em vias de extinção. Sem resistências naturais a doenças como a gripe ou o sarampo, são particularmente vulneráveis a contactos com o mundo exterior.
[notícia corrigida às 00h40 - Mato Grosso do Sul fica na região Centro-Oeste do Brasil]
No estado do Mato Grosso do Sul, na região Centro-Oeste do Brasil, os líderes da tribo Guarani são perseguidos por milícias armadas contratadas por rancheiros que querem ficar com as suas terras, denuncia Fiona Watson.
As comunidades indígenas são muitas vezes obrigadas a sair dos seus territórios ancestrais e deslocadas para junto de auto-estradas ou reservas sobrelotadas, afirma a activista.
Desde 2005, pelo menos 53 crianças Guarani morreram de fome, apesar de viverem junto a grandes plantações, refere a organização de defesa dos direitos humanos.