“Comer melhor é uma receita para a vida” é o nome da campanha que a Direção Geral da saúde (DGS) lança nesta quarta-feira. Mais do que conselhos, o objetivo é lançar um desafio à utilização de ingredientes mais saudáveis à alimentação do dia a dia.
“Os portugueses alteraram os seus hábitos alimentares e alguns comportamentos alimentares que estão a condicionar a nossa saúde”, justifica Maria João Gregório, a responsável da DGS pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável.
A alteração ocorreu por “vários fatores”, sendo que há produtos importantes a ausentar-se das mesas portuguesas, como, por exemplo, “a fruta e os hortícolas”
“Temos mais de metade da população portuguesa a não consumir o que deveria comer diariamente e quando olhamos para os grupos mais jovens da população, nomeadamente crianças e adolescentes, esta percentagem é ainda mais elevada: cerca de 70%”, refere Maria João Gregório na Renascença.
“Temos também um baixo consumo de leguminosas, que estavam tão presentes naquilo que era o nosso padrão alimentar mediterrânico”, salienta ainda.
Entrevistada no programa As Três da Manhã, a responsável da DGS acrescenta “a importância do consumo de água, na medida em que cada vez mais os portugueses estão a substituir esta bebida por outras bebidas que têm quantidades elevadas de açúcar adicionadas”.
A propósito disso, Maria João Gregório indica que a introdução do imposto especial de consumo sobre as bebidas açucaradas tem levado “à reformulação” deste tipo de produtos alimentares “e hoje em dia temos no mercado bebidas açucaradas que têm menos quantidade de açúcar”.
“Isto, porque o imposto tem diferentes escalões e, portanto, esta medida criou aqui alguma pressão para que a indústria alterasse os seus produtos para terem um imposto mais baixo”, explica.
Questionada sobre modas alimentares, esta responsável Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável considera que “hoje vivemos um momento em que existe muita desinformação”.
“Na verdade, conseguimos atualmente encontrar uma quantidade enorme de informação sobre alimentação saudável, contudo, também encontramos muitos disparates”, afirma.
Por fim, instada a desenhar um menu para uma refeição, Maria João Gregório sugere:
- sopa – muito comum na alimentação de todos os portugueses – a que vamos adicionar grão de bico;
- açorda de peixe como prato principal (“vou reforçar a importância de aumentarmos a presença do pescado à nossa mesa”);
- podemos enriquecer esta açorda com alguns hortícolas, adicionando couve portuguesa;
- sobremesa: “podemos terminar com uma fruta da época, que não é assim tão consumida pelos portugueses, e que pode ser uma romã”.
A campanha "Comer melhor, uma receita para a vida" vai decorrer durante três semanas, sendo a primeira dedicada ao consumo de água, a segunda semana ao de leguminosas e a terceira ao de fruta e hortícolas.
Segundo o relatório de 2019 do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, os hábitos alimentares inadequados são um dos principais determinantes da perda de anos de vida saudável pelos portugueses e o baixo consumo de cereais integrais, fruta e frutos oleaginosos são os principais fatores que contribuem para a perda de anos de vida saudável.