Veja também:
- Todas as notícias sobre a pandemia de Covid-19
- Guias e explicadores: as suas dúvidas esclarecidas
- Boletins Covid-19: gráficos, balanços e outros números
- Os últimos números da pandemia em Portugal e no mundo
A Guiné-Bissau é um dos países de África com o maior número de casos per capita de infeção pelo novo coronavírus. A organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) registou um aumento para o quíntuplo do número de pessoas infetadas entre os dias 14 e 30 de abril, ou seja, em apenas duas semanas.
A cidade de Bissau, com 250 mil habitantes, é o epicentro da pandemia na Guiné. De acordo com Monica Negrete, responsável pela missão dos MSF naquele país, “este aumento dramático mostra que o vírus continua a espalhar-se pelas comunidades e mais rápido do que pensávamos, apesar das medidas preventivas e das respostas adotadas pelas autoridades”.
Outro fato preocupante é que um grande número de equipas médicas do principal hospital de Bissau, o Hospital Nacional Simão Mendes, estão em quarentena e não podem trabalhar. Acresce, segundo Monica Negrete, o alto nível de estigma e a significativa falta de conhecimento das pessoas sobre a doença no país, piora ainda mais a situação e complica qualquer possibilidade de impedir a propagação da epidemia.
A responsável pela missão dos MSF na Guiné-Bissau considera essencial que se intensifiquem as medidas de prevenção e resposta, bem como uma melhor coordenação entre os diferentes atores envolvidos no combate à pandemia, de forma a melhor proteger a população e os trabalhadores da saúde.
“Embora tenham sido implementadas medidas como a criação de zonas de isolamento nos serviços de saúde, a resposta é atualmente insuficiente e muitas vezes mal coordenada a todos os níveis na cidade de Bissau e noutras regiões”, denuncia Monica Negrete.
Negrete propõe que sejam dados aos profissionais de saúde que estão na linha da frente os meios necessários para a sua proteção. A criação de planos de contingência e zonas de isolamento em todas as unidades de saúde. O reforço do rastreamento de contatos e da monitorização dos casos suspeitos e confirmados, bem como dos meios dos laboratórios.
Esta responsável considera ainda essencial levar a cabo campanhas de informação para que as pessoas entendam a doença, as suas formas de transmissão e o que devem fazer para se protegerem. Pede ainda um reforço da assistência humanitária, particularmente para garantir a presença de profissionais de saúde que possam fazer um acompanhamento de proximidade e garantir condições para o tratamento de pessoas em casa.
Finalmente, Monica Negrete alerta para o perigo do combate à covid-19 absorver completamente os recursos disponíveis no sistema de saúde na Guiné-Bissau, já de si extremamente fraco.
Até agora, há registo de três mortes provocadas pelo novo coronavírus, mas é possível que algumas mortes ainda não tenham sido registadas.
O número de casos da covid-19 na Guiné-Bissau aumentou esta quinta-feira para 913, mantendo-se os 26 recuperados, segundo os dados divulgados pelo Centro de Operações de Emergência de Saúde (COES) guineense.