O vice-presidente do Brasil avançou que o autor moral do assassinato do ativista indígena Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, na floresta da Amazónia, deverá ser um "comerciante local".
"Não sei se existe uma mente mestra. Se existe um patrão, é um comerciante da área que estaria a sentir-se prejudicado principalmente pela ação de Bruno e não de Dom. Dom entrou nessa história sem pensar. Foram danos colaterais", assegurou Hamilton Mourão, com algumas críticas que lembram as já feitas pelo Presidente, Jair Bolsonaro.
"Aqueles que mataram eles provavelmente são ribeirinhos, pessoas que vivem lá na beira do rio, digamos, para ter acesso a melhores condições de vida. Vivem da pesca. Esse é o tipo de vida dessas pessoas. Eles vivem em comunidades onde não há energia elétrica 24 horas por dia, que dependem de um gerador. É uma vida difícil", disse o vice-presidente brasileiro ao jornal O Globo.
Segundo Hamilton Mourão, Bruno Pereira e Dom Phillips, poderiam ter sido mortos no domingo, quando "o grupo bebe, se embriaga", traçando, assim, paralelos com os homicídios que ocorrem durante os fins de semana nas periferias das grandes cidades "fruto" da bebida.
A embarcação foi encontrada no domingo, a menos de 30 metros das margens do rio Itacoaí, e será submetida a perícias nos próximos dias, de acordo com fontes policiais, citadas na segunda-feira pela emissora brasileira CBN.
O motor e a âncora foram amarrados ao barco junto com quatro bidões, com a intenção de o afundar, avançaram as forças de seguranças.
Os corpos de Bruno Pereira e Dom Phillips foram encontrados uma semana depois de ter sido dado a conhecer o seu desaparecimento, em 5 de junho, na região do Vale do Javari, uma das maiores terras indígenas do Brasil, localizada no extremo oeste do estado do Amazonas. Na sexta-feira, foi confirmada a identidade dos seus restos mortais.
No âmbito das investigações, a Polícia Federal explicou que os principais suspeitos agiram sozinhos, afastando assim a possibilidade de que poderia haver um "autor intelectual ou organização criminosa por trás do crime".
No entanto, o caso continua em aberto e as autoridades não descartam a possibilidade de prenderem mais pessoas.
A área em que o ativista e o jornalista desapareceram é conhecida por ser uma das mais inacessíveis da região, abrigando a maior concentração de povos indígenas isolados, mas sendo também palco de uma das maiores rotas de droga do Peru que depois é distribuída para a Europa, como outras matérias-primas extraídas ilegalmente na Amazónia, como madeira e ouro.