O primeiro-ministro efetua na segunda-feira uma visita oficial à Islândia com uma agenda dominada pela cooperação na área das energias renováveis, tendo também depois neste país, na terça e na quarta-feira, uma cimeira do Conselho da Europa.
Segundo fonte diplomática nacional, esta será a primeira visita de um chefe do Governo português à Islândia e a primeira visita de alto nível desde a deslocação do então Presidente da República Mário Soares em 1993.
O convite para esta deslocação surgiu na sequência de um encontro entre António Costa e a primeira-ministra islandesa, Katrin Jakobsdóttir, que ocorreu à margem da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, em Lisboa, em junho do ano passado.
António Costa chega a Reiquiavique ao fim da manhã de segunda-feira e terá logo a seguir um almoço de trabalho com a primeira-ministra da Islândia, em que estará em análise o aprofundamento da cooperação bilateral.
De acordo com o executivo de Lisboa, o maior potencial de cooperação regista-se na área das energias renováveis, que é "uma das apostas dos governos dos dois países, representando novas oportunidades para as empresas portuguesas fornecedoras de equipamentos para centrais de energia renovável desde turbinas, transformadores, geradores e soluções solares de pequena escala, para produção de energia fora da rede".
A meio da tarde, o primeiro-ministro visita em Selfoss, a cerca de 40 quilómetros de Reiquiavique, a Geothermal Power Plant, a maior central de produção de energia elétrica geotermal da Islândia e uma das maiores do mundo, com 303 megawatts de capacidade instalada.
Nesta sessão, António Costa presidirá à assinatura de um memorando de entendimento entre a Agência Portuguesa de Energia (ADENE) e a Autoridade Nacional para a Energia da Islândia que tem como objetivo estabelecer um quadro de cooperação entre as duas entidades ao nível da partilha de conhecimentos, colaboração técnica e desenvolvimento de projetos conjuntos.
Em Portugal, segundo o Governo português, existem atualmente nos Açores três centrais geotérmicas em funcionamento - duas em São Miguel e uma na Terceira - que "satisfazem cerca de 23% das necessidades do arquipélago, estando prevista a sua expansão nos próximos anos".
Será ainda assinado um memorando de cooperação nos campos da eficiência energética e energia geotermal, cerimónia após a qual António Costa se desloca à Carbfix, que é uma unidade industrial que procede à captura e mineralização de dióxido de carbono.
Neste campo da energia, o executivo de Lisboa assinala que "a União Europeia, em conformidade com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas, identificou a captura e armazenamento geológico de dióxido de carbono como uma tecnologia de transição suscetível de contribuir em 15% para a redução das emissões de gases com efeito de estufa no horizonte de 2030".
Ao fim da tarde, antes de estar presente numa receção à comunidade portuguesa, o primeiro-ministro é recebido pelo presidente da Câmara Presidente de Reiquiavique, Dagur Eggertsson, numa visitará que efetuará ao cluster dos oceanos na capital islandesa.
A "Ocean Cluster" desenvolve projetos no âmbito da economia azul para aproveitamento do pescado a 100%.
"Além da produção geotermal de eletricidade, da captura e armazenamento de carbono por métodos industriais, a proteção dos oceanos e a economia azul são outros dos principais temas desta visita", acrescentou fonte do executivo nacional.